conversando com irene

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ENLEIO

Um dia de sol e uma brisa amena, iniciando como qualquer outro dia de sol e brisa amena,... Era para ser, na realidadeexatamente assim: um dia comum, como todos os outros de minha rotina cotidiana se não fosse o fato de eu encontrá-lo inesperadamente naquele restaurante e, sabe-se lá por que ironia destino, ter cruzado olhares de soslaio, meio sem querer, com você.
Depois, encontrando um amigo em comum, o usamos como desculpa e meio de mantermos uma conversa de dois estranhos que se conhecem há uma eternidade mesmo tendo se encontrado há apenas alguns minutos.
Acho que é assim que as almas que se amam se integram, porque ilimitadas da matéria, elas se encontram e se reconhecem primeiro, antes que o cérebro e o coração saibam, e, ao encontro das almas enamoradas, inibidas pelo pudor que a matéria impõe, elas se intimidam e se tocam em olhares furtivos e insistentes, por mais que o cérebro diga: "É engano seu, coração!", "Vocês nem se conhecem!", e por mais que o coração se descompasse em desassossego de emoções confusas, a alma enamorada burla a vigilância da razão, vence a timidez do coração e rouba fagulhas da outra alma com toque dos olhos.
Foi assim nosso primeiro encontro, nossa primeira conversa, nossos primeiros olhares,... nossas almas se tocavam e se amavam, independente da confusão do coração, e da inflexibilidade da razão. E a alma se impôs pedindo uma chance de mostrar que estava certa: “sim, é ele o seu amor!” e ela fez o corpo encher-se de luminosidade, e seu coração de alegria, o amor trouxe novidades para os dias, mesmo sem a certeza racional de ser amada, porque a alma sabe e se reconhece na outra alma.

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