conversando com irene

terça-feira, 31 de agosto de 2010

EU & VOCÊ

Eu & Você

Eu revirei suas coisas, seus segredos

Queria encontrar um só desejo

Alheio ao meu desejo e sentimento...



Quebrei as suas taças e seus tijolos

Invadi suas muralhas e seus quintais

Mas nada me daria mais prazer ou dor

Que penetrar seus sonhos e seu amor...



Você me revelou sua intimidade

Mostrou fotografias, músicas e sons

Me disse: não se acanhe, amada amiga

Meu único segredo eu lhe dou...



Lhe amo mais que tudo nessa vida

Espero com você momentos bons

Não queira se encher de vaidade

Mas nada sem você me tem sabor...



Menina infantil, tola, insegura

Não sabe diferir força e poder

A força que tem em mim sua amizade

É o poder que me cativa em sua ternura...

(Irene Cristina dos Santos Costa, 31/08/10)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

QUANDO OS ANJOS NÃO TEM AS ASAS ( Irene Cristina,Mimoso do Sul,17 de agosto de 2010 )

QUANDO OS ANJOS NÃO TEM AS ASAS


A vida nos oferece muitas situações para reflexão, e numa dessas, aprende-se lições irrefutáveis, que marcam deforma única nossas vidas. Falo isso no plural, __ “nossas” __, no intuito de tornar geral essa impressão pessoal, porque acredito que muitas outras pessoas experimentaram situações similares, viveram as mesmas sensações e emoções que vivi e podem, portanto, testemunhar o que vou dizer.
Era domingo, eu tinha que estar em Cachoeiro cedo para levar meu filho à sua primeira aula (gratuita) de teclado com o tecladista da igreja da sede e, depois, apanhar os jornais “Folha Universal” lá e trazer para Mimoso do Sul.
Neste dia, eu não tinha sequer um real no bolso nem para a condução nem para lanchar, eu e meu filho fomos para o ponto de ônibus esperando carona pra voltar a nossa cidade.
Já estava escurecendo e nós não tínhamos conseguido nada ainda. Meu filho me questionando por estarmos ali naquela situação, mas eu lhe dizia que se ele quer algo fortemente, tem que se esforçar, ele queria aquelas aulas de teclado...
Passavam vários automóveis, mas nenhum parava, já começávamos a esboçar desânimo e certo desespero: o que fazer se não aparecesse alguém enviado por Deus para nos ajudar?... foi quando um carro de placa de São Paulo que já havia passado por nós indo na direção em que desejávamos ir, e retornado no percurso oposto, parou perto de nós e a mulher que estava no lado do carona perguntou para onde íamos. Respondemos: “Para Mimoso do Sul!” E eles, por sua vez, disseram: “Entra aqui!”
Não questionamos nada, apenas entramos agradecendo à Deus por ter nos ajudado. E a mulher nos disse que eles eram de Muqui, que estavam vindo de São Paulo, onde moram, para visitar seus parentes; que nos viram quando passaram a primeira vez e não se tocaram, mas quando estavam chegando mais à frente, sentiram que deveriam voltar e nos oferecer carona... (e assim o fizeram, porque aquele que não vive para servir com o que tem ao seu próximo, não serve para viver).
Chegando a Muqui, já que não podiam nos levar à Mimoso, deixaram-nos na saída da cidade, para que melhor pudéssemos conseguir outra carona e ainda nos presentearam com um CD de Rose Nascimento (cantora gospel)...
E as pessoas, que por ventura lerem essa crônica, podem até perguntar: e o que tem isso a ver com o título: “QUANDO OS ANJOS NÃO TEM AS ASAS”?
É simples, quando os anjos perdem as asas, eles se tornam humanos, sim, humanos capazes de não pensarem apenas em si, mas de pensarem e sentirem a dor do seu próximo, se colocarem no lugar dele e ajudar em suas dificuldades.
Todas as vezes que em nossas aflições um alguém vem nos ajudar; em nossas quedas, vem nos colocar de pé; nas tristezas, nos alegrar; nas alegrias, sorrir junto;... são anjos sem asas, que Deus nos envia simplesmente porque nos ama e não nos quer sofrendo ou infelizes.

domingo, 1 de agosto de 2010

SEDUÇÃO

Sedução
(Irene Cristina)


A menina olhava-se no espelho:
aquele corpinho magrelo,
aquele olhar infantil,
aquele jeito moleque,
o sorriso primaveril,
as asas de borboleta começando a brotar
o espírito de ninfeta querendo desabrochar...

A menina não se via
com aquele corpo magrelo
com aquele olhar infantil
com trejeito de moleque
mas com um corpo febril...
faz penteado bonito, as sobrancelhas, pinta as unhas
passa o batom da mãe, calça os sapatos da irmã
sonha em ser namorada do mais bonito galã.

Beija a boca do espelho, se envolve em sedução
em seus sonhos modela o corpo que deseja possuir
e a mãe grita lá fora:

“Sai desse quarto, menina!
Vem guardar suas bonecas! Já é hora de dormir!

"ONDE SE ESCONDEM OS MONSTROS?"

Onde se escondem os monstros?
(por Irene Cristina)

Assistindo com meus filhos a um filme de título sugestivo “Onde moram os monstros” de Spike Jonze, baseado no livro infantil de Maurice Sendak, peguei-me a refletir sobre os monstros individuais, escondidos dentro de cada um de nós... estes, não se mostram facilmente, logo de cara, porque aprendemos, desde as mais tenras idades, a camuflar sua existência, mas isso não significa dizer que eles não existam, ao contrário, estão lá dentro, sempre a espreita, esperando uma oportunidade para colocar as garras de fora, em um momento de distração de nossa consciência, para revelar de modo ímpar, aquilo que queremos ocultar.
São como o lixo colocado embaixo do tapete na aparente limpeza da casa esmeradamente cuidada, quem olha pensa “tudo está perfeito, não há sujeiras”, mas na obscura outra face do tapete varrido, encontra-se a podridão disfarçada pela hipocrisia.
Porque é mais fácil vestir a capa de cordeiro sobre a pele do lobo voraz, e agir como cordeiro agiria, pensar como pensaria um cordeiro, e se fazer cordeiro por algum tempo, enquanto a natureza de lobo não se impõe? Se existe uma resposta a esta pergunta, talvez esteja no fato de que a vida em sociedade imponha atitudes e comportamentos tais que imperativamente não admitem a idéia de que a perversidade faz parte da natureza humana, e esta característica nos aproxima da condição de irracionalidade humana, e mais, mostra que não somos perfeitos, e essa imperfeição fere, maltrata, destrói.
Desde que o ser humano descobriu-se humano, vem tentando camuflar sua desumanidade sob um grande tapete chamado moralidade, e quando os tênue fios deste tapete se rompem desgastados pelo atrito contínuo da razão sobre os resíduos do inconsciente, vem à tona o que não poderia ser revelado, assim aparecem os grandes e os pequenos escândalos das tragédias do dia a dia: Um traidor que para comprovar sua teoria sobre seu mestre, com um beijo acaba levando-o a ser condenado à morte na cruz; um louco que tenta dominar o mundo e fazer imperar sua raça ariana e dizima milhares de vidas judias, outros tantos loucos que para dominar com mãos ditadoras, perseguem, torturam e matam músicos, estudantes, artistas e pessoas civis inocentes em geral; outro que alegando proteger seu país de invasões terroristas ordena ataques violentos e mortais à população desprotegida do país inimigo...
... muitos são os lobos disfarçados de cordeiros, muitos são os monstros que tentam se esconder por trás da desculpa de boa vontade, de falso patriotismo, de bons moços movidos por paixões, ou de súbitos de ira, alucinação ou descontrole emocional por pressão ou stress. Onde estavam escondido os monstros de nossos políticos que usam do patrimônio público para benefícios pessoais?; em que lugares escusos criminosos que matam friamente suas ex-namoradas ou ex-amantes (esquartejando os corpos, dando os pedaços aos cães, consumindo com vestígios incriminatórios), onde, meu Deus, onde eles escondiam seus monstros?... numa família desestruturada?, na falta de amor dos pais na infância?, na ausência total de limites?, na permissividade exagerada?, no distanciamento das coisas de Deus?...
Há muitas desculpas, teorias, hipóteses... , mas uma coisa é certa, independente de qual seja a resposta ou a explicação que se dê, o certo é que ninguém pode fugir da própria sombra... e por mais que se tente, ela estará lá...

DESVIO

Desvio
( Irene Cristina)


No desvio
Do rio
Um fio
De esperança
Criança
Se lança
Ao mar

Mar...
Seu morno olhar
Encontra o meu

No desvio
Do seu corpo
Quero ficar
E como um rio
Alcanço o mar...