conversando com irene

sábado, 11 de dezembro de 2010

Vamos brincar?

Manhã tão linda cheia de luz
É cedo ainda e já seduz
Tô indo agora catando flores pelo caminho
Rio sozinho,... vou te encontrar...
Doce e serena,
pessoa amena vamos brincar?

Brincar de sonhos e de poesias
Com os brinquedos da fantasia
No carrossel de emoções
Pinto um corcel, encho balões , alcanço o céu
Crio ilusões...
Tua companhia nesse meu dia, linda criança
Me faz sonhar

E embevecido de esperança nesse enleio
Me ensina sempre, pessoa amiga a forma o meio
De lhe amar...
(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

IMPULSO (FOTOGRAFIA)

Olhei você bem mais de uma vez
Senti a sua pele e seu perfume
Lhe imaginando em meus delírios de amor...
Pra que negar assim
meu sentimento?
Pergunto, ... me explique por favor?
Já chega, num impulso e de repente
Eu beijo sem pudor e ardentemente
Aquela sua linda fotografia
(Irene Cristina dos Santos Costa - 10/12/10)

PASSARINHO NA JANELA

Passarinho na janela
Visiona manhã tão bela vem aqui me visitar
Trazendo na alma um canto,
no bico gota de orvalho
E o desejo quente e doce de me ensinar amar

Passarinho canta baixo esse seu canto de amor
Não desperte a madrugada,
ela sonha enluarada
Deitada ao lado da noite...

E eu sem pensar em nada
Debruçada na janela espero sua visita
como que fosse uma flor...

Vem mansinho, passarinho repousa sobre meu peito
Faz desse regaço um ninho
nesse sonho passarinho, onde o amor é perfeito
descansa nesse meu leito bordado de margaridas
regado com meu suor ...
(Irene Cristina dos Santos Costa - 10/12/10)

sábado, 13 de novembro de 2010

CONFISSÃO

CONFISSÃO
(Irene Cristina dos Santos Costa)

Não sei se o conheci cedo ou tarde demais
Apenas não queria que fosse esse o momento
De dar-lhe simplesmente um adeus
nem tudo, na verdade, é como se espera
Não queria parecer tão desalmada
Nem implacável juíza desse evento

Porém já coloquei a julgamento rasgada e nua
Minh'alma, minha culpa e sentimento.
Não sou pessoa fácil de ser amada
quem me ama sabe que é difícil e permanente

Lhe dou aqui e agora apenas isso
Um simples e puro depoimento
E o emprego em defesa e julgamento
Que julgue sem sentido minha queixa
que avalie sem nexo o meu lamento

Mas lembre-se em pura e sã consciência
Julguei-o mal por amor e por carência
Amor por não furtar-me dar-lhe sem medidas
Carência por querer-me amada na mesma proporção

Eu sei, a vida não é via de mão dupla
Mas fala isso pro meu tolo coração
Ele dirá assim com complacência
Bem que avisei você de antemão

domingo, 17 de outubro de 2010

É assim
Quando se perde a identidade
Procura-se
Não encontra chão
Busca-se
E vão se vê
Comprime-se contra a alma
E não se sente
Arde-se na calma
E a verdade é que tudo é esquecimento
Vazio
Solidão
Mas ninguém garante que o tempo cure
Que as águas da enxurrada levem
Que o vento num turbilhão eufórico coloque as coisas no lugar

É assim
Quando as palavras são meramente palavras
Persiste-se em achar sentido
Acha-se ausência
E o vazio dessa essência tem sentido de dor
Pressente-se
Mas não comove
Rasga-se
E não se sente a visceral necessidade da anestesia
Acostuma-se com a ferida aberta e exposta
Ainda que não queira
Ainda que não a suporte
A verdade é que ninguém disse que fosse doloroso amar
Mesmo que a vida nos prepare para a solidão
O coração insiste em teimar
A razão lhe manda ir
E ele pede pra ficar...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MEU ANJO (Irene Cristina para alunos muito queridos)

Meu anjo
Estou indo...
Vou, sentindo que fico
Em cada gotícula de lembrança,
Em resquícios de saudades,
Em vontade de permanecer...
Deixo meu beijo
E o desejo
De ver você brilhar ainda,
Sorrindo sempre,
Pensando grande,
Voando alto,
Sendo melhor...
Quero seu sonho bem forte sempre
E, então contente
Reencontrar
Em seu sucesso
Ou em um regresso,
Em algum momento,
Acreditar,
Que tão somente
participei de sua vida,
E de alguma forma,
comtribuí,
Colaborei com seu brilhar...

domingo, 3 de outubro de 2010

REFLEXÃO

Reflexão
(Irene Cristina dos Santos Costa)



Ainda há uma rosa em botão, na última florada da estação

debruçada à sombra de uma amoreira

Ainda há cigarras e grilos a trilar, escondidos à relva a noite inteira

Há sonhos e lugares de sonhar, um abraço de aconchego e paixão



Não se pode perder os resíduos da esperança,

e feito criança medrosa, se esconder em um porão

O sol penetra as frestas vagas da noite e inventa o alvorecer

desponta luminoso em seu fulgor



Não é por mero amor ao dia,

mas faz cumprindo assim sua missão

Todos tem em si um compromisso

e a incumbência de fazer mostrar o seu melhor

se hoje, amanhã, não importa o tempo

a natureza segue o seu caminho,

e o homem tem a vida em suas mãos



E rosa desabrocha exuberante, o céu repete estrelas e emoção

a lua em fases e reveses se apresenta

e o homem, partícula ínfima desse universo

tece a linha do destino em diapasão

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

REVANCHE

Pressinto...
Algo está pra acontecer:

Você vai bater à porta
Abrir
Entrar
Pedir perdão
Querer ficar
E eu...
Olharei em seus olhos
Com desprezo
E sem chorar
Direi:

"__ Já não é hora mais
Pra um recomeço
Desculpe, sua oferta
Eu agradeço
Mas não dá!"

[Será?]

Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

__ Você voltou amor?!!!
Pode entrar...

EGOÍSMO (Irene Cristina dos Santos Costa)

Quando passeares no jardim da vida
E uma flor amiga se desabrochar
Tu a afagares com olhos cuidadosos
E sentires a essência do perfume doce
Hás de querer não só tocá-la
Como possuí-la

E a tua mão amiga deitarás à rama
E colherás da roseira tua flor amiga
E a porás num jarro sobre sobre a tua cabeceira
E sentirás o cheiro até dormires
E sonharás com ela em teus sonhos ternos
Enquanto tua rosa amiga, fenece desprovida
Pois tu, egoistamente
Ignoraste
Que não eram os teus olhos que lha davam vida...

UM SONHO (Irene Cristina dos Santos Costa)

Perdi um sonho na curva do caminho
Vinha sozinho, pés descalços, sonhando um mar
Os olhos presos numa borboleta lilás
E de súbito um vento e,... záz!...
Arrancou algumas quimeras da janela da inocência
E o meu sonho foi atrás
Tentei segurar,...
Mas quem retém um mar de sonhos
Querendo arrebentar?
Deixou conchinhas, estrelas e algas
Uma ostra grávida d'uma pérola lunar
E um cavalo marinho louco pra voar...
Mas de que me adianta possuir tudo isso
Sem esse meu sonho, eu não sei sonhar
Se alguém souber por onde ele anda
Diga sem demora onde ele está
Pegue o telefone, use o celular
Disque bem agora, ligue à cobrar...
Deixe um recado na secretária eletrônica
Ou me mande um fax...
Ligue que eu vou já
Mesmo ocupado
Irei correndo buscar
Quero o meu sonho
No mesmo lugar...

FETICHE ( Irene Cristina dos Santos Costa, 1999)

No estreito quarto da imaginação
Dispo do pudor que me enclausura
Visto tua pele em meu corpo e amo
Experimento pouco à pouco essa loucura
Que ganha a avassaladora forma d'um vulcão
Diviso da realidade a espessura
E do sonho toda vastidão
Na inevitável erupção me inflamo
Diante do espelho a tatear co'a mão
Tua pele sobre a minha pele
Transpirando em mim a mesma emoção
Faço de ti minha secreta identidade
Deito sobre estrelas espalhadas pelo chão
Acordo desse transe molhada de purpurina
Será verdade ou pura obsessão?
Tua pele amontoada em um canto
E o desejo extasiado de ilusão
Cubro-me do pudor, a roupa de menina
Saio do estreito quarto da imaginação

"__ Viu minha pele por aí?
__ Sinto muito, amigo, não vi não!"

terça-feira, 31 de agosto de 2010

EU & VOCÊ

Eu & Você

Eu revirei suas coisas, seus segredos

Queria encontrar um só desejo

Alheio ao meu desejo e sentimento...



Quebrei as suas taças e seus tijolos

Invadi suas muralhas e seus quintais

Mas nada me daria mais prazer ou dor

Que penetrar seus sonhos e seu amor...



Você me revelou sua intimidade

Mostrou fotografias, músicas e sons

Me disse: não se acanhe, amada amiga

Meu único segredo eu lhe dou...



Lhe amo mais que tudo nessa vida

Espero com você momentos bons

Não queira se encher de vaidade

Mas nada sem você me tem sabor...



Menina infantil, tola, insegura

Não sabe diferir força e poder

A força que tem em mim sua amizade

É o poder que me cativa em sua ternura...

(Irene Cristina dos Santos Costa, 31/08/10)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

QUANDO OS ANJOS NÃO TEM AS ASAS ( Irene Cristina,Mimoso do Sul,17 de agosto de 2010 )

QUANDO OS ANJOS NÃO TEM AS ASAS


A vida nos oferece muitas situações para reflexão, e numa dessas, aprende-se lições irrefutáveis, que marcam deforma única nossas vidas. Falo isso no plural, __ “nossas” __, no intuito de tornar geral essa impressão pessoal, porque acredito que muitas outras pessoas experimentaram situações similares, viveram as mesmas sensações e emoções que vivi e podem, portanto, testemunhar o que vou dizer.
Era domingo, eu tinha que estar em Cachoeiro cedo para levar meu filho à sua primeira aula (gratuita) de teclado com o tecladista da igreja da sede e, depois, apanhar os jornais “Folha Universal” lá e trazer para Mimoso do Sul.
Neste dia, eu não tinha sequer um real no bolso nem para a condução nem para lanchar, eu e meu filho fomos para o ponto de ônibus esperando carona pra voltar a nossa cidade.
Já estava escurecendo e nós não tínhamos conseguido nada ainda. Meu filho me questionando por estarmos ali naquela situação, mas eu lhe dizia que se ele quer algo fortemente, tem que se esforçar, ele queria aquelas aulas de teclado...
Passavam vários automóveis, mas nenhum parava, já começávamos a esboçar desânimo e certo desespero: o que fazer se não aparecesse alguém enviado por Deus para nos ajudar?... foi quando um carro de placa de São Paulo que já havia passado por nós indo na direção em que desejávamos ir, e retornado no percurso oposto, parou perto de nós e a mulher que estava no lado do carona perguntou para onde íamos. Respondemos: “Para Mimoso do Sul!” E eles, por sua vez, disseram: “Entra aqui!”
Não questionamos nada, apenas entramos agradecendo à Deus por ter nos ajudado. E a mulher nos disse que eles eram de Muqui, que estavam vindo de São Paulo, onde moram, para visitar seus parentes; que nos viram quando passaram a primeira vez e não se tocaram, mas quando estavam chegando mais à frente, sentiram que deveriam voltar e nos oferecer carona... (e assim o fizeram, porque aquele que não vive para servir com o que tem ao seu próximo, não serve para viver).
Chegando a Muqui, já que não podiam nos levar à Mimoso, deixaram-nos na saída da cidade, para que melhor pudéssemos conseguir outra carona e ainda nos presentearam com um CD de Rose Nascimento (cantora gospel)...
E as pessoas, que por ventura lerem essa crônica, podem até perguntar: e o que tem isso a ver com o título: “QUANDO OS ANJOS NÃO TEM AS ASAS”?
É simples, quando os anjos perdem as asas, eles se tornam humanos, sim, humanos capazes de não pensarem apenas em si, mas de pensarem e sentirem a dor do seu próximo, se colocarem no lugar dele e ajudar em suas dificuldades.
Todas as vezes que em nossas aflições um alguém vem nos ajudar; em nossas quedas, vem nos colocar de pé; nas tristezas, nos alegrar; nas alegrias, sorrir junto;... são anjos sem asas, que Deus nos envia simplesmente porque nos ama e não nos quer sofrendo ou infelizes.

domingo, 1 de agosto de 2010

SEDUÇÃO

Sedução
(Irene Cristina)


A menina olhava-se no espelho:
aquele corpinho magrelo,
aquele olhar infantil,
aquele jeito moleque,
o sorriso primaveril,
as asas de borboleta começando a brotar
o espírito de ninfeta querendo desabrochar...

A menina não se via
com aquele corpo magrelo
com aquele olhar infantil
com trejeito de moleque
mas com um corpo febril...
faz penteado bonito, as sobrancelhas, pinta as unhas
passa o batom da mãe, calça os sapatos da irmã
sonha em ser namorada do mais bonito galã.

Beija a boca do espelho, se envolve em sedução
em seus sonhos modela o corpo que deseja possuir
e a mãe grita lá fora:

“Sai desse quarto, menina!
Vem guardar suas bonecas! Já é hora de dormir!

"ONDE SE ESCONDEM OS MONSTROS?"

Onde se escondem os monstros?
(por Irene Cristina)

Assistindo com meus filhos a um filme de título sugestivo “Onde moram os monstros” de Spike Jonze, baseado no livro infantil de Maurice Sendak, peguei-me a refletir sobre os monstros individuais, escondidos dentro de cada um de nós... estes, não se mostram facilmente, logo de cara, porque aprendemos, desde as mais tenras idades, a camuflar sua existência, mas isso não significa dizer que eles não existam, ao contrário, estão lá dentro, sempre a espreita, esperando uma oportunidade para colocar as garras de fora, em um momento de distração de nossa consciência, para revelar de modo ímpar, aquilo que queremos ocultar.
São como o lixo colocado embaixo do tapete na aparente limpeza da casa esmeradamente cuidada, quem olha pensa “tudo está perfeito, não há sujeiras”, mas na obscura outra face do tapete varrido, encontra-se a podridão disfarçada pela hipocrisia.
Porque é mais fácil vestir a capa de cordeiro sobre a pele do lobo voraz, e agir como cordeiro agiria, pensar como pensaria um cordeiro, e se fazer cordeiro por algum tempo, enquanto a natureza de lobo não se impõe? Se existe uma resposta a esta pergunta, talvez esteja no fato de que a vida em sociedade imponha atitudes e comportamentos tais que imperativamente não admitem a idéia de que a perversidade faz parte da natureza humana, e esta característica nos aproxima da condição de irracionalidade humana, e mais, mostra que não somos perfeitos, e essa imperfeição fere, maltrata, destrói.
Desde que o ser humano descobriu-se humano, vem tentando camuflar sua desumanidade sob um grande tapete chamado moralidade, e quando os tênue fios deste tapete se rompem desgastados pelo atrito contínuo da razão sobre os resíduos do inconsciente, vem à tona o que não poderia ser revelado, assim aparecem os grandes e os pequenos escândalos das tragédias do dia a dia: Um traidor que para comprovar sua teoria sobre seu mestre, com um beijo acaba levando-o a ser condenado à morte na cruz; um louco que tenta dominar o mundo e fazer imperar sua raça ariana e dizima milhares de vidas judias, outros tantos loucos que para dominar com mãos ditadoras, perseguem, torturam e matam músicos, estudantes, artistas e pessoas civis inocentes em geral; outro que alegando proteger seu país de invasões terroristas ordena ataques violentos e mortais à população desprotegida do país inimigo...
... muitos são os lobos disfarçados de cordeiros, muitos são os monstros que tentam se esconder por trás da desculpa de boa vontade, de falso patriotismo, de bons moços movidos por paixões, ou de súbitos de ira, alucinação ou descontrole emocional por pressão ou stress. Onde estavam escondido os monstros de nossos políticos que usam do patrimônio público para benefícios pessoais?; em que lugares escusos criminosos que matam friamente suas ex-namoradas ou ex-amantes (esquartejando os corpos, dando os pedaços aos cães, consumindo com vestígios incriminatórios), onde, meu Deus, onde eles escondiam seus monstros?... numa família desestruturada?, na falta de amor dos pais na infância?, na ausência total de limites?, na permissividade exagerada?, no distanciamento das coisas de Deus?...
Há muitas desculpas, teorias, hipóteses... , mas uma coisa é certa, independente de qual seja a resposta ou a explicação que se dê, o certo é que ninguém pode fugir da própria sombra... e por mais que se tente, ela estará lá...

DESVIO

Desvio
( Irene Cristina)


No desvio
Do rio
Um fio
De esperança
Criança
Se lança
Ao mar

Mar...
Seu morno olhar
Encontra o meu

No desvio
Do seu corpo
Quero ficar
E como um rio
Alcanço o mar...

sábado, 10 de julho de 2010

Quem é esse que chamam de homem...(Irene Cristina)

Quem é esse que chamam de homem...

O ser humano anda esquecendo de sua humanidade, esquecendo que ele foi criado para gerar vida e gerenciar a vida que produzir...quando DEUS disse:"Crescei e multiplicai-vos" não havia nessa singela e expressiva vontade divina o desejo de que o homem crescesse fisicamente, apenas em sua estrutura material, mas também na espiritual e psicológica, pois até as plantas, só se multiplicam quando crescem e estão maturas para se multiplicar...
Maturidade é presença de espírito, é equilíbrio, é estar preparado para gerar vida e dar continuidade ao que de bom se tem dentro de si.
Mas, quando o que se tem dentro não é bom, quão ruins são os frutos...nos últimos dias, a imprensa televisiva, os jornais, os sites informativos deram destaque ao bárbaro episódio do assassinato da jovem amante do jogador do Flamengo (Bruno).
Houve requintes de crueldade e desamor, isso não só revela a que ponto pode chegar a capacidade (des)humana de se sentir senhor e se dispor da viva dos outros como se fosse algo insignificante, sem valor, para encobrir seus erros, sua falta de caráter, de apego à vida..."E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará". (Mateus 24:12)
O amor se esfriando, as relações humanas se tornando relações de uso, onde as pessoas se tornam descartáveis, o respeito ao próximo deixa de existir, e os valores se degeneram gradativa e rapidamente... então fica aqui a pergunta, que infelizmente não se cala: quem é esse que chamam de homem?...

sábado, 26 de junho de 2010

(Re)Encontro

Escrevi em homenagem ao querido amigo Laurídio Coque... é singelo , simples e sem maiores pretenções, são palavras de uma amiga já saudosa...

(Re)Encontro

Contam se as horas, os minutos ... espera-se a chegada
O súbito encontro ... o encanto, os contos
Amizade antiga recente amiga
Uma longa espera, uma vida
Cheguei, chegaste tão rápida a saída
E vinhas sorridente e sorridente eu vinha
E vinhas tão contente e tão contente eu vinha
E fostes tão fremente e gente então sorria
Há! Que bom que a eternidade fica entre a gente
E esse momento sempre renova-se a cada dia
E assim novamente
Contam-se as horas, os minutos ... o retorno ainda
Cada partida é prenuncio de outra chegada
E gente se acostuma a querer outra vez...
(Irene Cristina dos Santos Costa, Mimoso do Sul, 26/06/ 2010)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ENLEIO

Um dia de sol e uma brisa amena, iniciando como qualquer outro dia de sol e brisa amena,... Era para ser, na realidadeexatamente assim: um dia comum, como todos os outros de minha rotina cotidiana se não fosse o fato de eu encontrá-lo inesperadamente naquele restaurante e, sabe-se lá por que ironia destino, ter cruzado olhares de soslaio, meio sem querer, com você.
Depois, encontrando um amigo em comum, o usamos como desculpa e meio de mantermos uma conversa de dois estranhos que se conhecem há uma eternidade mesmo tendo se encontrado há apenas alguns minutos.
Acho que é assim que as almas que se amam se integram, porque ilimitadas da matéria, elas se encontram e se reconhecem primeiro, antes que o cérebro e o coração saibam, e, ao encontro das almas enamoradas, inibidas pelo pudor que a matéria impõe, elas se intimidam e se tocam em olhares furtivos e insistentes, por mais que o cérebro diga: "É engano seu, coração!", "Vocês nem se conhecem!", e por mais que o coração se descompasse em desassossego de emoções confusas, a alma enamorada burla a vigilância da razão, vence a timidez do coração e rouba fagulhas da outra alma com toque dos olhos.
Foi assim nosso primeiro encontro, nossa primeira conversa, nossos primeiros olhares,... nossas almas se tocavam e se amavam, independente da confusão do coração, e da inflexibilidade da razão. E a alma se impôs pedindo uma chance de mostrar que estava certa: “sim, é ele o seu amor!” e ela fez o corpo encher-se de luminosidade, e seu coração de alegria, o amor trouxe novidades para os dias, mesmo sem a certeza racional de ser amada, porque a alma sabe e se reconhece na outra alma.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ANALFABETO, ANALFABETISMO DIGITAL E ANALFABETISMO FUNCIONAL

(pesquisado na internet)

ANALFABETOS
Originalmente, chama-se analfabetos àqueles que não sabem ler e escrever. No passado, o aprendizado da leitura e escrita era restrito a poucos, ao clero basicamente. Mesmo a nobreza era repleta de analfabetos.
Na década de 50, a Unesco definia como analfabeto alguém que não consegue ler ou escrever algo simples, frases nucleares. Vinte anos depois, surgiu o conceito de analfabetismo funcional. Assim, as pessoas que sabem ler e escrever frases simples, mas que não possuem as habilidades necessárias para satisfazer as demandas do seu dia-a-dia e se desenvolver pessoal e profissionalmente representam uma parcela da sociedade denominada de analfabetos funcionais. Resumindo: alguém que não consegue entender direito o que lê.
ANALFABETISMO FUNCIONAL
Com o incremento participativo, vieram os analfabetos funcionais, aqueles que sabem ler e escrever mas não conseguem interpretar um texto, não assimilam sua mensagem.
Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças e textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o indivíduo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos, embora essa definição não seja muito precisa, já que existem analfabetos funcionais com nível superior de escolaridade.
ANALFABETISMO DIGITAL
Com a modernidade, surgiu um outro tipo de analfabetos, isto é, os analfabetos digitais. Será que é possível imaginar pessoas que se precise explicar o computador como máquina de escrever misturada com uma aparelho de televisão, e que não usa papel para guardar as coisas que nele se escreve? Apesar de parecer ser uma coisa impossível, porém há geração, que, com certeza podem necessitar desse tipo de “explicação”. Mas analfabeto digital é aquela pessoa que já reconhece o computador como uma máquina diferenciada de outros aparelhos, mas não sabe utilizar seus recursos, é a pessoa que não consegue entender o valor daquilo que aparece debaixo do cursor do seu mouse, é aquele que precisa ir ao banco todo mês para retirar seus proventos sociais e extratos do PIS, do FGTS, lidar com cartões magnéticos, senhas, etc.
Analfabeto digital denomina aquele que é incapaz de obter informações por meios da informática, ligadas à era digital, como a Internet ou qualquer outro meio ligado a computadores. Tipo de analfabetismo contemporâneo bastante comum em regiões que não possuem eletricidade e/ou suporte à rede mundial de computadores, porém há o caso opcional de desinteresse pela máquina por algumas pessoas que contam com fontes mais tradicionais de informação. Nas próximas décadas, espera-se uma expansão digital em todos os setores econômicos e culturais do globo, podendo causar exclusão social daqueles que não estão aptos a interagir com a informação digital.
PORCENTAGEM BRASILEIRA QUE SE ENQUADRA NO ANALFABETISMO DIGITAL E ANALFABETISMO FUNCIONAL.
Segundo o DR Jorge Marcio Pereira de Andrade – DEFNET
"...Não bastará que todas as escolas estejam conectadas, precisaremos de uma tecnologia educacional que não negue a necessidade do humano como seu principal objetivo, que não caia em uma falsa ilusão de combate às exclusões legitimando novas formas de desigualdades sociais. Em tempos de Sem-teto, Sem Terra, Sem Moradia, Sem Direitos estaremos todos numa atual sociedade excludente, e, portanto, podemos nos considerar também Sem Computador, Sem Informática e Sem Internet? Baseados no fato de que apenas uma pequena camada de população tem acesso hoje à Internet, ou seja, apenas 5% da população mundial, e apenas 2 a 3 % da população brasileira, teremos que nos abrir para a realidade do que se chama de “globalização”. O termo globalização pode ser visto como uma nova roupagem e maquiagem para o que o neoliberalismo vigente nomeia ao que se chamou de Capitalismo Mundial Integrado (CMI), desde a década de 80, termo criado por Guattari (1981, p 211), segundo o qual:

“O capitalismo contemporâneo é mundial e integrado, porque potencialmente colonizou o conjunto do planeta, porque atualmente vive em simbiose com países que historicamente pareciam ter escapado dele (os países do bloco soviético, a China) e porque tende a fazer com que nenhuma atividade humana, nenhum setor de produção fique fora do seu controle”.

Este modelo econômico, atualmente, é taxativo em afirmar que o maior capital atual é a informação, fazendo com que sua utilização acrítica torne-se semelhante ao que se faz com a alfabetização. Um processo semelhante a um Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) do passado, e não com um projeto de letramento de um cidadão. Ocorrendo uma produção de práticas apressadas de capacitação de educadores em informática, com discursos e projetos para um possível alfabetismo digital, e não com um projeto de letramento (digital) de um cidadão(ã).

Porém há também iniciativas para enfrentar, nestes tempos, tanto o analfabetismo funcional como o tecnológico, ao mesmo tempo. Vem sendo implantado e implementado, com participação de especialistas, lideres comunitários, cientistas e professores, através da Secretaria de Educação da Prefeitura de São Paulo, SP, um programa chamado de MOVA Digital, numa linha de ação onde os educandos, moradores de comunidades de baixa renda, são os construtores ativos de conhecimentos, utilizando temas geradores de debate, como por exemplo: informação para todos X desinformação, dominação tecnológica X libertação tecnológica, comunicação X solidão e emprego X desemprego tecnológico. Conclui-se, então, mais uma vez, que esta exclusão digital está conectada diretamente ao que se chama de Desigualdade Social, e mais ainda ao que se chama de pobreza e miséria humana, todos aliados ao processo de mudanças no campo do trabalho e na manutenção do desemprego, como nos mostra Tiriba (2001, p.55):

“É importante desmitificar e mediatizar o significado do avanço tecnológico, já que as novas tecnologias de produção e gestão representam uma nova versão de controle sobre o trabalho alheio – agora de uma forma mais elegante e sutil. Embora favoreçam uma maior participação e o acesso do trabalhador a um saber mais amplo, a nova base técnica não terminou com a alienação do trabalho...”
Não há apenas excluídos/incluídos, continuamos na desigualdade, na relação dos on-line e os off-line, dos ricos em informação e dos que se pretende permanecerem pobres na informação. Prevalece, portanto, um consenso, reforçado a partir de 11 de setembro de 2001, que continuamos a transição para a sonhada Era da Informação, caminhando em um novo século sem as mazelas do anterior. Nossas duras realidades econômico - políticas e os conflitos, principalmente os belicosos, quase sempre nos países pobres de recursos tecnológicos, têm nos provado reafirmado este consenso, criando ainda, como nos diz German (2000, p. 113):
]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

QUE NOTAS SÃO ESSAS? ( Reflexão)

TEXTO 1: Charge
















TEXTO 2: Piada

O pai, ao ver o boletim do filho, comenta contrafeito:
__ Na minha época isso era resolvido com uma surra.
__ Legal pai! Vamos pegar o professor na saída amanhã?



TEXTO 3: Entrevista

Do mundo virtual à realidade escolar
por Ricardo Prado


Para o educador espanhol Antonio de Las Heras, as tecnologias da informação e da comunicação chegam às escolas “de fora para dentro”

Todo processo de inovação, algo necessariamente complexo, pode ser mais bem compreendido e explicado por meio de uma sugestiva metáfora extraída do mundo físico. Ao falar do que seria inovar dentro do ambiente escolar em uma das conferências do V Congresso Educared, realizado em novembro na Espanha, o professor Antonio de Las Heras, diretor do Instituto de Cultura e Tecnologia da Universidade Carlos III de Madri, resumiu esse processo em quatro fases: evaporação, condensação, precipitação e aplicação.

A primeira etapa, evaporação, indicaria aquele momento em que as ideias estão sendo formadas em diferentes cérebros, ainda de modos tão sutis e impalpáveis como os vapores que formarão as nuvens. Quando várias ideias se enlaçam em torno de alguma maior, gerando um fluxo de conhecimento, estamos na segunda fase da inovação, a condensação. Para esta etapa, afirma Antonio de Las Heras, o espaço virtual das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) mostra-se um ótimo condutor de ideias condensadas, prestes a se precipitar. Se essa precipitação acontece, ou seja, se o fluxo de ideias é capaz de gerar ou aperfeiçoar um novo produto ou processo, entramos na terceira fase da inovação na escola, um lugar especialmente fértil para transformar vapores sutis em nuvens, e estas em chuva. Por fim, é preciso que essa precipitação, como a água represada em um canal, seja direcionada, para que a força gerada seja transformada em algo útil e inovador, como a água que se precipita entre as pás do moinho, gerando movimento. Esta é a derradeira fase da inovação, a da aplicação.

Antonio de Las Heras partiu desta metáfora para exemplificar como a internet inaugura novas possibilidades de invenção e renovação nos processos de ensino-aprendizagem. Ao término de sua conferência, concedeu entrevista a Ricardo Prado, na qual aprofundou algumas de suas observações sobre o uso das TIC na escola.

Carta na Escola: Por que as TIC ainda não fazem parte da formação inicial dos professores, seja no Brasil, seja na Espanha?
Antonio de Las Heras: Eu creio que o fenômeno atual das TIC incorporadas ao processo de educação tenha acontecido “de fora para dentro”, ou seja, seguiu por outros caminhos educativos que não os tradicionais do sistema escolar. Na verdade, as TIC foram impregnando a sociedade e, sem dúvida, os núcleos mais estruturados, até mais rígidos, como podem ser os sistemas educativos de formação dos professores, se revelaram menos porosos a essas influências, já fortemente presentes na sociedade moderna. Sem dúvida, nesse processo de apropriação das novas tecnologias por parte dos núcleos formadores de professores, acontecem algumas contradições importantes e, como você mesmo assinalou em sua pergunta, essas tecnologias ainda não se encontram incorporadas ao processo de formação inicial dos professores. É preciso estar atento para que não se reproduza aqui um desajuste entre o conhecimento que os alunos já possuem das TIC e o que os professores recebem em sua formação inicial, já que esse fenômeno vem se produzindo por porosidade, por derrame, desde a década de 1980, e não por uma iniciativa feita pelo próprio sistema, de cima para baixo. É por isso que a incorporação se dá dessa maneira bem mais trabalhosa.

CE: Às vezes a introdução da internet em sala de aula pode gerar um efeito perverso, apontado pelo sociólogo Manuel Castels na conferência de encerramento: o aumento da disparidade entre os melhores e os piores alunos. Como enfrentar esse risco?
AH: Por isso é importante interpretar a entrada das novas tecnologias da informação e da comunicação em sala de aula de forma especular. As TIC cumprem, seja em uma escola, seja em uma empresa, uma função especular: elas refletem, de maneira mais ou menos deformada, mas sempre amplificada, a realidade daquela empresa ou daquela escola. Se esse ambiente tem um desequilíbrio, uma desigualdade de qualquer espécie, essa imagem especular na qual a internet se mostra evidenciará isso. Portanto, é normal que, ao ser introduzida no ambiente escolar, a internet em um primeiro momento intensifique esse desequilíbrio. Mas, observe: quando nos colocamos diante de um espelho, nós próprios tentamos mudar a imagem que encontramos ali. Ninguém fica impassível diante de um espelho, ele sempre nos incentiva a mudar nossa própria imagem. Tentamos mudá-la, para adequar essa imagem àquela que temos como ideal. Portanto, é normal que a desigualdade entre os alunos de uma escola seja evidenciada pela internet; e, também, o que se espera é que, como toda imagem especular, ela nos incite a tentar suavizar essas diferenças, que sempre existirão.

CE: Quando a internet é introduzida no ambiente escolar, não se corre o risco de criarmos uma geração muito desatenta e dispersiva ou essa dispersão é inerente à entrada das TICs?
AH: O sistema educativo terá de criar novas formas para enfrentar esse desafio, que eu comparo com um migrante da zona rural que chega à grande cidade. As capacidades e as possibilidades que ele vislumbra ao chegar neste novo ambiente são imensas, mas o primeiro efeito que se produz nele é uma sensação de deslumbramento diante do cenário. É inevitável que ele se perca neste novo ambiente várias vezes, até criar o seu próprio roteiro, o seu mapa. Com o tempo, saberá que é preciso evitar determinados bairros, é preciso fazer este ou aquele caminho para atingir alguma meta, isso se vai adquirindo. Algo parecido acontece com a internet, que é como uma grande cidade e, neste caso, não há nativos ou migrantes: todos procedemos como esse migrante rural em um ambiente urbano. Todos tivemos algum tipo de medo, de desorientação, de desajuste ou de deslumbramento diante das imensas possibilidades dessa “nova cidade”. Mas penso que este é um processo normal nessa etapa de apropriação tecnológica ainda recente.

CE: As TIC também podem mudar a forma como se avaliam os alunos?
AH: Ela não apenas pode, mas deve mudar o formato da avaliação na escola. Porque se se mantém o mesmo sistema de avaliação que havia antes da introdução das TIC no ambiente escolar, estamos diante de uma contradição inaceitável. É preciso caminhar, progressivamente, rumo a uma forma de avaliação mais contínua e mais colaborativa. Isso deve acontecer na medida em que os professores introduzam outros elementos avaliativos mais relacionados a essas tecnologias, que guardam pouca semelhança com o formato da aula tradicional. Com isso, surgirá uma série de valores e de indicadores de avaliação, alguns colaborativos, e os alunos devem ter um seguimento de seus estudos que torne a avaliação uma parte essencial deles. Não me passa pela cabeça imaginar que, ao fim de um período letivo no qual se usaram intensamente recursos tecnológicos na aprendizagem, um professor pense em dar uma prova escrita tradicional, com perguntas e respostas. Seria um desperdício.

CE: No Brasil, uma pesquisa recente, feita pela Fundação Getulio Vargas, apontou como principal motivo da evasão escolar no ensino médio a falta de interesse pela escola. Na Espanha, a evasão na mesma faixa etária também é elevada. As TIC podem criar um atrativo para esse tipo de aluno reticente?
AH: Penso que sim, se entendermos as tecnologias da informação e da comunicação em toda a sua amplitude. Ou seja, é uma mediação tecnológica que em si mesma atrai os jovens, que inclusive possuem destreza e interesse em utilizá-la. Mas é preciso haver, por parte dos professores, uma concepção completamente distinta dos conteúdos e da forma como devemos trabalhar com eles. É preciso, antes de tudo, superar esse desafio pedagógico, de comunicação didática. É preciso compreender que esses conteúdos, dispostos na tela, não podem ser os mesmos que um livro e uma lousa podem conter, nem podem ser transmitidos da mesma maneira. Se há, portanto, um projeto pedagógico adequado por trás do uso das TIC no ambiente escolar, seu uso pode, sim, ser um fator de atração. Se não houver isso, será um atrativo muito superficial e não deve alterar esse quadro de evasão, já que o que é atraente hoje pode não ser mais amanhã. É preciso que a aula e o próprio sistema educativo estejam de acordo com o mundo em que vivemos. E esse não é um desafio apenas para os países mais desenvolvidos, que possuem uma infraestrutura de TIC mais desenvolvida. Seria aprofundar a diferença que já existe. Vale assinalar, também, que este é um desafio igual para todos os países, a despeito de seus desequilíbrios e carências tecnológicas.

CE: Há algum país que sirva de exemplo em relação ao uso das TIC na educação?
AH: Sempre recorremos aos países nórdicos como modelos, porque são os que melhor souberam integrar todos os fatores para que o uso de computadores esteja de fato integrado às escolas, e os resultados internacionais mostram isso. Aliás, prefiro falar nas TIC como fazendo parte de um processo de intervenção pedagógica que também leva em consideração outros fatores importantes na educação, como a infraestrutura material nas escolas e, tão importante quanto, a valorização social do professor. Apenas a instalação da infraestrutura não é garantia de presença das TIC no processo de ensino-aprendizagem, como vimos acontecer em algumas unidades autônomas aqui na Espanha, com resultados bastante desiguais. Ficou claro, por exemplo, que não adianta apenas prover classes, alunos e professores com laptops sem que o corpo docente tenha sido previamente preparado para trabalhar com eles, e sem que houvesse à disposição material especialmente preparado para esse fim.


TEXTO 4: Música

Pela Internet
Gilberto Gil
Composição: Gilberto Gil

Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleja ...(2x)
Que veleje nesse informar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut de acessar
O chefe da Mac Milícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus para atacar os programas no Japão
Eu quero entrar na rede para contatar
Os lares do Nepal,os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar...



TEXTO 5: QUE NOTAS SÃO ESTAS?
(Reflexão por Irene Cristina dos Santos Costa)



Na charge, o autor faz um paralelo entre o foco da educação do passado e da atualidade. No passado, a educação tradicional era focalizada no Professor, este, detentor de todo o saber, era o responsável por passar este saber ao aluno, que deveria absorver tudo como se fosse um jarro vazio a ser cheio sem questionar acerca do líquido (ou da substância, da matéria) que seria derramado dentro dele e, indelevelmente seu fracasso resultaria de sua incapacidade de aprender. Portanto todo o peso desse fracasso escolar e mesmo evasão recairia sobre ele. A indagação “Que notas são estas?”, apresentada na charge, era direcionada ao aluno uma vez que era sua a obrigação de se sair bem no ano letivo.
Na atualidade, na educação moderna, o foco volta-se para o aluno, que deixa de ser objeto da educação para ser senhor de sua própria aprendizagem. O professor por sua vez, vê-se desacreditado e desrespeitado, a figura do mestre deu lugar ao “fessô”. E sua autoridade não existe mais. Em muitos casos até, torna-se risco de morte determinadas atitudes que se tomam na escola com a pretensa intenção de “corrigir” alguma falha de alunos, uma vez que professores são agredidos nas escolas,__há poucos dias atrás, foi veiculado na mídia oficial que uma diretora tirou licença médica porque estava abalada psicologicamente porque um aluno à espancou na saída da escola __ essa é a realidade atual. O professor/educador tem a obrigação de fazer de tudo para aprovar o aluno, e a indagação “Que notas são estas?” hoje, recaem sobre o responsável pelo sucesso do aluno: o professor/educador. Se o aluno falha é porque o professor não sabe dar aulas e avaliar, e a turma é terrível e indisciplinada é o professor que não tem domínio de turma, enfim, sempre se procura um culpado, mas nunca se chega a uma solução.
Essa inversão total de valores polarizada em dois extremos é muito bem refletida na crítica disfarçada de humor vista na piada, quando há confusão entre a fala do pai e o entendimento do filho. E mais, revela de modo engraçado a marginalização e o total desrespeito a que chegou a classe docente.
Na entrevista ao educador espanhol Antonio de Las Heras, em que ele expressa sua opinião alegando que a criança não tem interesse pela escola e por isso não aprende, e as tecnologias devem fazer parte da realidade escolar, com as escolas reestruturando-se para assumir e utilizar em sua prática diária as novas tecnologias no ambiente escolar. A defesa da digitalização das escolar é uma proposta muito boa e o educador até cita as estruturas das escolas nórdicas como exemplos a serem seguidos.
De fato, nossos alunos querem navegar na rede e estar interligado no mundo todo através da internet é algo extraordinário, porém é muito fácil citar os países nórdicos como exemplo, com sua infra-estrutura perfeita, quando temos em nossa realidade escolinhas perdidas no interior da zona rural, onde professor e alunos têm que andar à pé para chegar, enfrentar poeira em dias de seca e barro em dias chuvosos, onde não têm sequer água e esgoto direito, muitas vezes nem carteiras e cadeiras suficientes para os alunos se sentarem, onde professor e alunos adentram temerosos que o teto lhes caia na cabeça. Tecnologias são supérfluas perto das necessidades gritantes que estes tem que enfrentar diariamente, e o professor ainda tem que aprovar todos, porque tem que apresentar índices positivos ao governo, senão não recebe “bônus de produtividade” (incentivo?).
Ou em outro extremo, a dura e arriscada aventura dos professores que atendem uma clientela que convive com a violência e o crime diariamente e portanto, não têm problema algum em refletir isso na sala de aula e/ou contra seu educador.
É interessante trazer as novas tecnologias para a realidade escolar, mas antes, deve-se proporcionar à escola condições de atender as necessidades primeiras dos educandos e do professorado. Seja em termos de prédio, mobiliário, material didático, mobiliário, recursos materiais, assistência psicológica, segurança. E dessa forma, quando houver de fato condições de se educar/formar cidadãos dentro da sala de aula, navegar na rede será um fator a se somar ao contexto do processo ensino/aprendizagem e verdadeiramente funcionará. Não adianta propôr as novas tecnologias pra dizer que nossa educação é digitalizada, se tentar solucionar os problemas gritantes das escolas de periferia, de interior, das escolas de populações ribeirinhas com uma infra-estrtura que não condiz com a proposta de informatização. Só assim home-page, website, internet, gigabytes, etc., deixarão de ser verbetes de um idioma desconhecido de muitos e será de fato algo de domínio de todos, ainda mais, será um objeto útil e valioso para a aprendizagem e avaliação dos alunos, desde que os professores recebam capacitação para utilizá-lo. Porque quem não quer navegar na rede?
Pelo menos um saldo positivo, quando os pais quiserem questionar as notas de seus filhos, poderão fazer a indagação ”Que notas são essas?” via email, e o único risco que o "fessô" irá correr é de um pai ou mãe enfurecido, mandar um víros letal que destrua a memória de seu HD...

AS MÍDIAS E TECNOLOGIAS NA ESCOLA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PROJETO:

O USO DE MÍDIAS E TECNOLOGIAS NA ESCOLA
NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL




Projeto apresentado à tutora presencial Maria Leida Lopes, e à não presencial Denise Rabelo e banca do curso de Educação Ambiental à Distancia oferecido pela Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para avaliação.



Ano:
2010

Local:
EEEFM “Antonio Acha” Rua Joaquim Leite Guimarães, Bairro Santa Terezinha, s/nº, Mimoso do Sul-ES, CEP 29400-000, Tel: (28) 3555 1353, Email: antonio_acha@hotmail.com

Idealizado por:
Irene Cristina dos Santos Costa
Email: ninamimosul@gmail.com ou ninamimosul@hotmail.com

Apresentação
• Este é um projeto pensado no intuito de estabelecer uma utilização adequada e profícua das mídias no âmbito escolar para a implementação efetiva e dinâmica da educação ambiental na escola em que atuo.

Justificativa
• Devido ao fato de as salas de recursos não serem utilizadas apropriadamente pela escola, uma vez que o professorado não tem domínio das habilidades e competências para estar usando as mídias e tecnologias adequadamente, e ainda, devido ao fato de a questão ambiental ser de suma importância à condição de vida do ser humano, este projeto visa trabalhar assuntos referentes aos problemas ambientais e ecológicos, primeiramente de modo global e finalizando com a realidade local e ações de sensibilização e atuações concretas frente à sociedade e autoridades vigentes. Para tanto, far-se-à, antes de mais nada, a ambientalização dos alunos à realidade das novas mídias e tecnologias na escola, propondo, não uma receita pronta de como trabalhar a educação ambiental com o uso das mídias e tecnologias, mas sugestões que podem auxiliar no planejamento do professor/educador comprometido com a formação integral do educando, uma vez que as salas de recursos devem ser melhor aproveitadas dentro do planejamento da prática didático/pedagógica, não só para as aulas de educação ambiental, mas para toda e quaisquer outras “áreas” do saber.


Tema da Proposta
• Utilização da Internet, máquinas fotográficas, câmeras filmadoras ou celulares, Power Point, DataShow, aparelho DVD, na implementação da Educação Ambiental;
• Sistematização das aulas com uso da Mídia e da Tecnologia, propiciando uma forma organizada de ensinar e aprender, motivando para a construção da consciência ambiental e ecológica com o uso dos recursos tecnológicos e as mídias disponíveis na escola.
Objetivos
• Utilizar a Internet para complementar os conteúdos da aula em pesquisas e resumos;
• Planejar a aula com uso das mídias e das tecnologias, propiciando uma forma organizada de ensinar e aprender;
• Registrar fatos relacionados ao tema da aula através da utilização de máquina fotográfica e câmeras filmadoras ou de celulares por mim e pelos alunos;
• Utilizar o Power Point (programa de software) para criar slides para uma apresentação do trabalho realizado, junto às outras turmas;
• Estruturar as aulas partindo de objetivos pontuais e significativos Educação Ambiental para motivar a aprendizagem e construir conhecimentos a respeito do tema a ser trabalhado;
• Possibilitar que o processo de aprendizado e construção do conhecimento aconteça de forma colaborativa e interativa com o aluno sendo o protagonista em busca da construção de seu conhecimento;
• Sensibilizar quanto à necessidade de ações para minimizar os impactos ambientais em nosso município;
• Promover, de modo inter e transdisciplinar, a educação ambiental na escola estendendo seus efeitos a toda a comunidade escolar e à sociedade;

Problema

• Na maioria das Escolas onde se encontram as salas de recursos, observa-se que um dos maiores problemas a ser resolvido é, sem dúvida, a falta de planejamento do professor quanto ao uso apropriado da Internet e do computador e demais tecnologias para complementar os conteúdos de suas aulas, por não possuir as habilidades e competências quanto ao uso adequados destes recursos. O maior dilema é: como evitar que os alunos não acessem, por exemplo, sites que não têm a ver com o assunto abordado ou a falta de interesse dos alunos quanto à aprendizagem no método convencional. Há ainda um outro aspecto também muito relevante, que é a apatia e o descaso em relação às questões ambientais.
• Neste projeto pretende-se abordar estes problemas e evidenciar que com um bom planejamento relacionando mídias, tecnologias com os conteúdos a serem trabalhados é possível tornar as aulas mais interessantes para os alunos, motivando-os para a aprendizagem, assim propiciando o desenvolvimento de novas situações pedagógicas que também promovam a educação ambiental.

Público a ser envolvido

• O projeto a ser realizado nas séries/anos finais do Ensino Fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Antonio Acha”, no turno vespertino, a comunidade, outras escolas do município.

Abordagem Pedagógica quanto ao uso de Mídias na Educação Ambiental

• Indubitavelmente, de acordo com Borba & Penteado (2001), a Internet e o computador abrem possibilidades para novas abordagens metodológicas na Educação, de abordar um tema novo e instigar a curiosidade da sala. O professor deixa de ser o centro das informações para o aluno. Revelam-se como desafios para os professores e para o processo de ensino e de aprendizagem, ao possibilitarem o desenvolvimento de novas situações pedagógicas e descortinarem toda uma gama de informações numa dinâmica incrível. Nesse sentido, espera-se motivar os alunos trabalhem em grupos na investigação de determinados assuntos e que esse trabalho envolva também a colaboração de pessoas que estão distantes geograficamente da escola. Ainda, segundo o pensamento de Borba & Penteado (2001), as mídias e tecnologias lançam ao aluno a possibilidade descobrir que é capaz de superar desafios e ir a busca do conhecimento, perceber que é criativo e que pode contribuir com um grupo. Para Morin (2000) o conhecer e o pensar não é chegar a uma verdade absolutamente certa, única, mas dialogar com a incerteza. Ainda, de acordo com Kampff & Dias (2004) pode-se dizer que é na pesquisa, na seleção e na síntese dessas múltiplas informações que o educador torna-se indispensável, como mediador e facilitador do processo de construção do conhecimento. Assim, é fundamental que ele conheça as possibilidades e domine os recursos da multimídia, para que o conhecimento seja visto como um processo contínuo de pesquisa e múltiplas interações que venham repercutir na real aprendizagem dos alunos. A nova concepção de professor está relacionada com o perfil de um orientador, facilitador do processo, que aprenda a repensar suas sínteses, a tomar atitudes provisórias, permanentemente, refeitas mediante perspectivas e resultados obtidos com a utilização da tecnologia e dos recursos multimediáticos por ele oferecidos (MORAN, 1997).

Cronograma

• Espera-se a concretização deste projeto no decurso de um trimestre, com possibilidade de se estender no decorrer de todo o ano letivo, realizando-se as devidas adequações aos temas a serem abordados (água, fogo, terra, ar, aquecimento global, efeito estufa, erosão, etc)

Recursos materiais: Mídias e Tecnologias a serem utilizadas

• Para concretizar o presente projeto pretende-se utilizadas as seguintes mídias e tecnologias: Internet, programa de softwar Power Point, computador, máquina fotográfica, câmeras filmadoras e/ou celulares, DataShow, aparelho DVD, documentário, entre outros, impressora, papel A4, TV Câmara e Rádio Difusora local.
Recursos humanos:

1. Aluno: pesquisador e construtor do seu conhecimento, administrador do seu tempo e das suas competências para a formação de sua cidadania consciente de sua responsabilidade frente aos impactos sócio-ambientais e ecológicos tornando-se acima de tudo um multiplicador da consciência ambiental e ecológica para a sustentabilidade;
2. Professor: o mediador e facilitador do processo de construção do conhecimento; motivador para a sensibilização dos alunos promovendo a construção de uma atitude ecológica;
3. Pessoas da comunidade: Prefeito, Secretário da Agricultura e do Meio Ambiente, a população dos locais visitados nas pesquisas de campo e entrevistados, alunos de outras escolas.

Metodologia de trabalho / dinâmica da atividade:

• Ler em sala de aula textos cujos temas sejam referentes à questões ambientais;
• Assistir a um documentário, na sala de vídeos relativo ao tema abordado;
• Pesquisas na Internet artigos referentes à questão às questões ambientais;
• Realizar entrevistas junto a pessoas de localidades que apresentam problemas ambientais dentro do município;
• Fotografar e filmar para registrar fatos relevantes ao trabalho;
• Elaboração de uma apresentação no Power Point com o resultado das atividades supracitadas;
• Efetuação de um Seminário final;
• Sensibilização ambiental de toda a comunidade escolar, bem como da sociedade em si com anúncio dos eventos na TV Câmara e Rádio Difusora local (Rádio 87.9FM) sobre a panfletagem, a caminhada e passeio ecológico.

Proposta de ações a serem realizadas:

• Expor à turma o projeto a ser desenvolvido, promovendo a sensibilização acerca do tema através do documentário que será passado na sala de vídeo da Escola. O tema em questão será relacionado aos impactos ambientais negativos. Intermediando ao vídeo, o educador deverá ressaltar aspectos importantes a serem observados. Depois deverá ser realizado um debate, reflexão sobre o vídeo assistido.
• Após organizada em grupos a turma, o professor deve pesquisar se todos dominam o uso do computador e da Internet, se conhecem os sites de busca, bem como se todos possuem essa máquina em casa. Deve ajustar os alunos que não tem em casa este recurso ajudando-os ( nesse momento entra a experiência e o conhecimento do educador e o auxílio do auxiliar do laboratório de internet). Deve ressaltar a necessidade de filtrar as informações recebidas nos sites de pesquisa. Em seguida, ir até o laboratório da escola para exemplificar e solicitar que efetuem nos devidos grupos uma pesquisa na Internet sobre os impactos ambientais negativos que estão atingindo o município, o estado o pais. E em seguida, realizar os resumos em grupo.
• Propor que procurem procurem a prefeitura de Mimoso do Sul, mais precisamente a Secretaria da Agricultura e do Meio Ambiente para entrevistar prefeito e secretário sobre os principais impactos ambientais negativos que ocorrem no nosso município.
• Depois das entrevistas, balizados pelos dados colhidos nelas, cada grupo ficará encarregado de um dos impactos observados e terão que localizar, registrar através de fotos, vídeos esses problemas ambientais dentro do município, bem como entrevistar os moradores dessa redondeza. Deverão utilizar a Internet para realizar a busca de mais informações (se julgarem necessárias).
• Após as entrevistas, pesquisa de campo e os relatórios, será efetuado o planejamento da apresentação desse estudo que deverá ser realizada através do programa de software Power Point. Para tanto os alunos serão dirigidos novamente ao Laboratório da escola, para a explicação do funcionamento desse software. Os alunos terão um tempo previsto para a criação do vídeo onde apresentarão os passos, as conclusões obtidas e as sugestões para minimizar os impactos ambientais negativos do município. Após a apresentação de todos os grupos deverá realizado um seminário para aprofundarmos sobre o tema pesquisado, observando a validade do trabalho, avaliando pontos positivos e negativos da metodologia empregada, dos recursos utilizados, e também o levantamento de sugestões para os próximos estudos.
• Promover uma apresentação dos vídeos produzidos para as outras turmas da escola tendo o Prefeito e o Secretário da Agricultura e do Meio Ambiente ( é uma secretaria uma aqui em Mimoso do Sul) e demais autoridades que queiram prestigiar o projeto, multiplicando assim a importância da utilização das mídias e tecnologias a favor da educação e da conscientização ambiental. Finalmente, promover passeata e panfletagem para sensibilização da comunidade, apresentação do projeto em outras escolas tanto da rede Estadual como Municipal.

Avaliação

Ao término do projeto por professor/educador e alunos.






Referências Bibliográficas

AGLIO, F.(org) . As redes como novo paradigma. Rio de Janeiro: Wak,
(no prelo) 2008.

AMARAL, Viviane. Redes organizacionais: conexões. Disponível em < www.rebea.org.br >. Acesso em 15 nov. 2006BORBA, M. C.; PENTEADO, M. G. Informática e Educação Matemática. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2001.

CALDAS, Graça. Política de C&T, mídia e sociedade. In: Comunicação & Sociedade nº 30, São Bernardo do Campo, UMESP, 1999.

CITELLI, Adilson. Comunicação e Educação. A linguagem em movimento. São Paulo, Ed. SENAC São Paulo, 2000.
COSCARELLI, C. V. O uso da informática como instrumento de ensino-aprendizagem. Presença Pedagógica. Belo Horizonte, mar./abr., 1998, p.36-45.
FRANÇA, Júnia Lessa, VASCONCELLOS, Ana Cristina. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. Colaboração de Stella Maris Borges, Maria Helena de Andrade Magalhães. 7.ed. Belo Horizonte: UFMG, 2004. 242p. (Aprender).
KAMPFF, Adriana Justin Cerveira ; DIAS, Márcia Gládis Cantelli . Construção do Conhecimento em Ambientes de Pesquisa e de Autoria Multimídia. Caderno Marista de Educação, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 72-85, 2001.
MORAN, - Avaliando a Educação Ambiental no Brasil, organizado por Rachel Trajber e Larissa Barbosa da Costa.V São Paulo, Peirinópolis – ECOAR, 2001, páginas 99-138.
MORAN, José Manuel. Como utilizar a Internet na educação. Ciência da Informação, Brasília, v.26, n.2, p.146-153, maio/ago. 1997.
MÜLLER, Jackson. Educação Ambiental – Diretrizes para a Prática Pedagógica. Porto

domingo, 16 de maio de 2010

QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICAS EM MIMOSO DO SUL/ ESPÍRITO SANTO

1 - Problemas socioambientais em meu município/estado:
Em relação às áreas rurais:
• Observa-se que a monocultura do café nos morros, muitas vezes não sendo efetuado o processo de curva de nível e/ou a aragem do solo realizada de modo adequado e ainda, tendo como um agravante as queimadas nos períodos de estiagens, o PH do solo se torna desequilibrado e propício à erosão, o que pode, futuramente, tornar-se fator para desertificação dessas áreas cultivadas. Isto revela-se na história da monocultura do café em todo o Espírito Santo e em Mimoso é algo extremamente relevante, uma vez que este município já fora no Passado um dos maiores produtores cafeeiros do Estado, e se destacou ainda mais com o advento da Ferrovia Santa Leopoldina, Localizada na sede, onde e se embarcava o produto trazido pelas tropas em lombos de burro ou carros de boi.
• O desmatamento próximo às nascentes dos rios, __como se observa em Conceição do Muqui (e em outras localidades altas e de florestas no Município)__, em muitos casos para exploração madeireira e aproveitamento destas áreas para agricultura tem se revelado com sério problema em relação à diminuição do volume de água. E os veios de água que se juntam para formar o Rio Muqui do Sul tem secado rapidamente com o decorrer do tempo, sem contar o fato de que os pesticidas, adubos químicos utilizados dessas áreas próximas às nascentes contaminam o solo e podem chegar aos lençóis freáticos, contaminando também os reservatórios naturais de água potável. Por isso que se vê, muitas vezes casos de doenças provocadas pelo consumo da água de poço ou de nascentes. considerada pura é limpa.
• Nos períodos de chuvas, estas área desprotegida de sua vegetação original, com as enxurradas, desbarrancam assoreando ainda mais o leito dos rios, que transbordam causando as tão conhecidas enchentes. Esse aspecto é agravado ainda mais pela construção das habitações ribeirinhas que, como se observa principalmente na sede do município, seja como forma de aproveitamento e alargamento de suas propriedades (isto em relação às pessoas mais abastadas) ou como única opção de moradia (no caso da população carente), há o estreitamento do espaço que seria originalmente destinado ao leito do rio e quando as águas da enchente vêm, exigem o que lhe era garantido pela natureza, sem contar que Mimoso do Sul (sede), geograficamente é um vale, cercado de montes por todos os lados e a confluência das águas nos períodos chuvosos este vale, faz com que consequentemente as inundações aconteçam e consequentemente as pessoas perdem tudo o que construíram.
Obs.: os mais antigos afirmam que há ainda um fator agravante para a questão das enchentes: o fato de o principal rio que corta a cidade ter sido desviado na área do centro da cidade pegando da Praça principal ( Praça Coronel Paiva Gonçalves), passando pela Praça das Mangueiras até a saída para o distrito de Santo Antônio.
Em relação à áreas urbanas:
• Devido, um pouco à mecanização das lavouras, a desvalorização das lavouras de café e a opção pela criação de gado, e de grandes áreas de pastagens, permanência do homem no campo ficou difícil, e isso acarretou o êxodo rural e o inchaço dos centros urbanos. No Espírito Santo não foi diferente do que se deu em São Paulo e Rio de Janeiro, e esse fator desencadeou o crescimento urbano desordenado em torno das zonas industriais em expansão, deu origem às favelas nas zonas periféricas e morros das principais cidades, sem infra-estrutura, sem saneamento e abastecimento de água tratada adequado, muitas vezes erguidas sobre aterros sem a menor segurança.
• Esse grande aglomerado de massa humana que se tornou os principais centros urbanos (as metrópoles) tem acarretado o aparecimento de um preocupante aumento dos índices de poluição, uma vez que a industrialização, o progresso e o consumismo trazem como conseqüência desses sistema capitalista maior industrialização, maior consumo de produtos fabricados e industrializados e por fim, maior produção de lixo e dejetos, revelando-se em índices cada vez maiores de poluição, em suma cria-se um modelo de desenvolvimento que não leva muito em conta o equilíbrio da natureza, mas o lucro.
Com o passar do tempo, o sistema capitalista habituou-se a ver a natureza como enorme deposito de recursos naturais, isto é, matérias-primas e fontes de energia com grande valor comercial, e em Mimoso do Sul, apesar de ser um lugar de porte agrário, também não escapou dessa faceta do desenvolvimento da humanidade, Uma vez que suas atividades econômicas (agricultura e pecuária, mais especificamente) tem comprometido a qualidade das águas do dos rios e nascentes, bem como contaminado o solo com agrotóxicos e pesticidas. A produção de esgotos domiciliares, lixo e diversos tipos de resíduos, que são lançados em rios também são fatores agravantes, como exemplos disso, no final da Rua das Mangueiras, indo para a localidade de Água Limpa e Belmonte, havia um lugar conhecido como Prainha onde se tomava banhos e se fazia piqueniques, no passado, e hoje no local só há bancos de areia e um filete de água poluída e suja.Também o local conhecido como Mina, com cachoeiras , piscinas naturais de água (no Bairro do Funil) onde uma grande parte da população ia se divertir, atualmente encontra-se contaminada pelo esgoto proveniente do loteamento Santa Marta.Percebe-se assim, que tanto as águas superficiais quanto as dos depósitos subterrâneo nos aqüíferos em vários pontos do planeta são atingidas pela combinação advinda de tanto fatores naturais e humanos (socioeconômicos): secas prolongadas, elevado crescimento demográfico e uso irracional, que gera desertificação e salinização. A degradação do solo geralmente é causado pela associação de fatores climáticos, como a seca ou o excesso de chuvas, com praticas predatórias, tais como: desmatamento de extensas de florestas; agropecuária intensiva que utiliza agrotóxico em larga escala; mineração em grandes áreas; e esses fatores estão presentes também em Mimoso do Sul. Determinadas atividades destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o expostos a ações intempéries, como o vento e a chuva, que desgastam o solo. Com o tempo, o processo erosivo evolui e a rocha bruta chega a ficar exposta em grandes trechos, impossibilitando a recuperação da área. Nesses casos, ocorre a desertifica. Assim, entende-se que para evitar que isso ocorra em Mimoso do Sul há a necessidade de formação de novos valores e atitudes, de democratização dos saberes, de ações e posturas que configuram o exercício da cidadania de fato e de direito, e mais, garantir a qualidade de vida para a presente e para as futuras gerações. O que venha mante r o jovem do campo no campo, desenvolvendo uma atividade agrícola sustentável, primando pela qualidade de vida, porque de outra feita, Mimoso do Sul, assim como muitas cidades de interior, vão acabar se tornando cidades asilos, onde só vivam os idosos, e a força jovem inexista quase ou totalmente. E a natureza por sua vez também fique inóspita para vida humana em um futuro breve.

2. Como era a região onde moro há 30 anos atrás, como é atualmente e como deverá ser numa perspectiva para daqui à 30 anos.
Há trinta anos atrás, a região onde moro, meu município em si, era um lugar com menos casa, a maioria da população se concentrava no campo, os montes eram cobertos por vegetação natural (capim cipó, capim gordura e árvores, vegetação rasteira) bem como lavouras de café. As ruas eram estreitas e de chão batido, com aspecto típico de cidade de interior, casas simples, e pequenas vilas, No interior, prevaleciam os casarões ( no caso dos fazendeiros) e vivendas de pau a pique, em se tratando dos empregados, não havia supermercados, somente armazéns e botequins. A vida era pacata tal como é a vida em cidades de interior, com as crianças se reunindo pra brincar de roda, de queimadas, de bandeirinha, etc, e os pais se ajuntando no final da tarde para papear e cantar modas de viola. Tempo bom, de fato. Porém, desde que o mundo é mundo, inevitavelmente, vem acontecendo as “transformações” E como não poderia deixar de ser, no lugar onde mero ocorreu muitas mudanças também. O lugar onde moro atualmente ( Rua Maria Josefina de Rezende, Bairro Serra), que não difere do lugar onde passei minha infância (Rua Nominato Paiva, Bairro Funil), que onde moro hoje, foi um foi um lugar que servia de caminho principal entre o Distrito de São Pedro e s Sede, onde portanto era a via de passagem de gado bovino e caprino, de tropas de burro e carroças, igualmente como no Funil, os montes e pequenos morros eram cobertos pela vegetação natural ou por lavouras de café, atualmente são ocupados por casas. No local do antigo lava pés, hoje existe um açude e no morro ao lado o “II Parque de Exposições” onde se promovem festas, rodeios, encontros de cavalgadas ( o I Parque acabou, e atualmente é um bairro com muitas casas). Atualmente, a Serra acha-se com um número muito grande de moradias construídas e toda uma área que era pertencente aos remanescentes das famílias Leite e Paiva, se tornaram em loteamentos. Não se pode dizer que tais mudanças não tenham causado nenhum “estrago” à natureza (somente o necessário para residir bem neste local). Mas acredito que para o futuro, seria necessário projetar um crescimento ordenado do bairro, estabelecer um controle maior da organização das ruas e construção de casas, porque, caso contrário, daqui à 30 anos, a cobertura verde local estará deveras comprometida, o rio que corta o bairro, antes caudaloso e hoje apenas um filete, terá desaparecido ou estará morto pelos detritos e esgoto lançados nele.

3 – Perspectivas de o que eu e meus alunos podemos fazer em termos de ações para a sensibilização da população mimosense em relação às questões ambientais e ecológicas.
Podemos tentar sensibilizar as pessoas quanto seu compromisso pessoal com relação ao nosso meio ambiente e às questões ecológicas. Sabendo que a construção de valores se dá paulatinamente e deve começar, na realidade, dentro de cada um de nós. Não posso querer mudar o mundo se antes não mudar dentro de mim, e é exatamente isso que espero poder transmitir a meus alunos, uma vez sensibilizados nesse sentido, podem sensibilizar suas famílias, seus amigos, etc., e compreendo que estar sensível às questões ambientais e ecológicas representa lutar cotidianamente contra hábitos arraigados dentro de nós gerações após gerações, formando os automatismos ( o jogar, sem perceber, lixo no chão, por exemplo). A educação ambiental apesar de já ser falada há algum tempo, é algo extremamente novo para nós, e precisa ser incorporada no pensamento coletivo, mas isso não se dá de uma hora para outra, demanda disposição em plantar uma semente hoje, sabendo que não seremos nós quem a iremos colher.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

DA MINHA ALDEIA - Um pouco de poesia

Da minha aldeia

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, em “O Guardador
de Rebanhos”. Poesias de Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de abril de 2010

LAGOA (Carlos Drummond de Andrade)

Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito,
não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.
Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
E calma também.
Na chuva de cores
da tarde que explode
a lagoa brilha
a lagoa se pinta
de todas as cores.
Eu não vi o mar.Eu vi a lagoa...

O HOMEM E A MULHER (Victor Hugo)

"O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono;
Para a mulher um altar.

O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher o coração, o amor.
A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o gênio; a mulher o anjo.

O gênio é imensurável; o anjo indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória;
A aspiração da mulher, a virtude extrema.
A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.

O homem tem a supremacia; a mulher a preferência.
A supremacia representa força.
A preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher invencível pelas lágrimas.

A razão convence; a lágrima comove.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece; os martírios sublima.

O homem é o código; a mulher o evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é o templo; a mulher, um sacrário.
Ante o templo, nos descobrimos;

Ante o sacrário ajoelhamo-nos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter cérebro;
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano; a mulher um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza;
O lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal; a consciência;
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O fanal guia, a esperança salva.

Enfim...
O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu...

EXAUSTO (Adélha Prado)

Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.


(in "Bagagem" São Paulo: Ed.Siciliano, 1993)

O BEIJO (Arcipio Callegário, poeta mimosense que na simplicidade de seus versos, enriquece a poesia capixaba)

Beijo é coisa que não se pede,
Ele por si mesmo sobressai,
É como fruta madura,
Que quando amadurece, cai.

O beijo não se arranca,
É como a banha do torresmo,
Com qualquer calor do corpo,
Se dispende por si mesmo.

Não se deve dar um beijo
Numa pessoa distraída.
Pode ser doce ou amargo,
Uma marca pra toda vida.

O beijo tem um poder,
Que não dá pra explicar,
Para não se arrepender depois,
Pense antes de beijar.

O beijo sela uma aliança,
Mas, não quero dizer com isso,
O beijo também pode trair,
Como traiu Jesus Cristo.

Vai um beijo e outro vem,
Cada um mais saboroso,
Mas o último beijo quase tem
É sempre o mais gostoso.

De qualquer jeito, o beijo é gostoso.
Até mesmo por desejo,
É por isso que a gente nunca esquece
Do seu primeiro beijo.

Amor é fogo que arde sem se ver (Luiz Vaz de Camões)

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

POEMA (Irene Cristina dos Santos Costa)

Fecundei minh'alma de poesia
Repleta dos sonhos afortunados
Pescados no oceano da loucura
Delírios tolos e dos versos a formosura
Captei saudade às avessas, insônia

"Não se força o parto de um poema
Não se perdoa a dor de um poeta"
E assim parindo métrica prematura
Sem anestesia e sem analgésico
A pena é o instrumento do obstetra

Meu poema nasceu frágil e raquítico
E num suspiro retirou-se gesto e aceno
perdeu-se na mémoria , morreu efêmero
meu filho jaz no vazio do esquecimento

Quem sabe um dia ecoando no infinito
Minha voz num grito encontre o filho errante
E eu poeta madre novamente
Possa parir você forte e bonito

05/04/2010

Ou isto ou aquilo (Cecília Meireles)

Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

BILHETE (Mário Quintana)

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

tem de ser bem devagarinho,
amada,

que a vida é breve,
e o amor
mais breve ainda.

RECORDO AINDA (Mário Quintana)

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente

VERSOS ÍNTIMOS ( Augusto dos Anjos)

Vês ! Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - essa pantera - foi tua companheira inseparável.
Acostuma-te à lama que te espera .
O homem que nesta terra miserável mora entre feras,
Sente inevitável necessidade de também ser fera .
Toma um fósforo. Acende teu cigarro.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro!
A mão que te afaga é a mesma que te apedreja.
Por isso, se alguém ainda causa pena à tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
E escarra na boca que te beija !

NOITE ( Menotti Del Picchia)

As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.

Todos os rumores são postos em surdina,

todas as luzes se apagam.

Há um grande aparato de câmara funerária

na paisagem do mundo.

Os homens ficam rígidos,

tomam a posição horizontal

e ensaiam o próprio cadáver.

Cada leito é a “maquette” de um túmulo,

cada sono um ensaio de morte.



No cemitério da treva

tudo morre provisoriamente.



(Poesias, p. 75)

Os Teus Pés (Pablo Neruda)

Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,
Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
A duplicada purpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram vôo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.

Ser Poeta (Florbela Espanca)

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

LEMBRANÇAS (de Irene Cristina dos Santos Costa)

Hoje fazia um dia lindo quando lhe encontei
no baú de minhas lembranças antiga
Revi seu rosto na fotografia apagada
Abracei seu corpo no vestido roto e empoeirado
Senti seu perfume no lenço com suas iniciais bordado
Acariciei suas delicadas mãos dentro das pequenas luvas vazias
Possui você como da primeira vez...

Ah! meu amor!
Como é fácil ter você todos os dias!
Basta fechar os olhos
e deixar o coração voar até o infinito...

Irene no Céu (Manuel Bandeira)

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene.
Você não precisa pedir licença.

AVISO DA LUA QUE MENSTRUA (de Elisa Lucinda, poetisa capixaba que sabe como ninguém versar a alma feminina)

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"
a Atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofando
cozinhando, costurando e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.
Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!

sábado, 3 de abril de 2010

A ECONOMIA DE MIMOSO DO SUL ( por Irene Cristina)

Mimoso do Sul-ES é um município com características especificamente agrárias, voltado, principalmente para a cultura do café, e em um segundo plano para a produção de outros grãos como milho, feijão. Sua produção cafeeira representa a maior parcela de sua economia e é uma significativa participação na economia do estado, com seu pontencial na produção de café conilon e arábica no distrito de Conceição do Muqui (maior distrito do município e conhecido como terra fria, onde se encontra o pico do Alto Pontões, ponto turístico apropriado à passeios ecológicos); e ainda apresenta um forte potencial para a agropecuária de corte e leiteira.
Muitos fazendeiros, atualmente, tem abandonado as lavouras cafeeiras e se dedicado à criação de gado bovino porque dispensa a presença de muitos trabalhadores e, consequentemente, o homem do campo, por sua vez, tem migrado para a sede ou para outras cidades ou estados em busca de melhores condições de vida.
As indústrias da sede são as de serragem e beneficiamento de mármore e granito. A produção é basicamente voltada para o mercado externo: como Mercosul, Itália, Alemanha, Indonésia e Japão no mercado mundial; e relações comercias internas com Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal e Nordeste.
O solo é rico em mármore, granito, destaca-se dentro do município nessa produção o distrito de São José das Torres, e ainda sobra lugar para águas marinhas (pedra preciosa), bauxita.
Em boa parte do município, principalmente na região de São José das Torres, além do mármore e granito, destaca-se também a produção de banana, onde se realiza o artesanato com seus substratos (folhas, tronco, casca). No período das festividades da Semana Santa, pode-se destacar a encenação do Auto da Paixão de Cristo, uma atuação tradicional realizada pelo grupo de teatro Faz’art com pessoas da comunidade, o que atrai muitos turistas e movimenta a economia local.
Em São Pedro do Itabapoana, Sítio Histórico de Mimoso do Sul, apesar de produzir também café, e ter algumas fazendas de gado para corte e para leite, tem seu potencial econômico no turismo, com seu auge no período de inverno, com o festival de inverno de “Sanfona e Viola” e ainda o artesanato das “Divas”. Tem todo um casario antigo e uma estrutura que preserva um ar de século passado e encanta a todos quanto lá passam. Porém, os jovens, em sua maioria, deslocam-se para a cidade ou para outros estados em busca de ofertas de trabalho.
Até 2010 o governo do estado estará investindo em m recursos para Mimoso do Sul. Alguns dos investimentos feitos já implantados pelo governo federal são: Posto da Polícia Rodoviária Federal será o maior posto de fiscalização da América Latina; Usina hidrelétrica em Ponte do Itabapoana.
A construção desta usina em Ponte do Itabapoana reprresenta a produção de energia elétrica para o abastecimento de Mimoso e de Apiacá, porem a comunidade local desde então já tem sido atingida pelos efeitos dessa grandiosa obra com as constantes inundações. Com suas perdas, sem contar que ficará submersa a região e com ela a história local.
Na região de Palmeiras (região alta, próxima à sede, altamente organizada) realiza-se a agricultura familiar e a produção de frutas e verduras orgânicas, com industrialização e comercialização pelos próprios moradores, em caráter de cooperativa. Essa comunidade representa, dentro do município a possibilidade de desenvolvimento sustentável movido pela organização e boa vontade. Tem internet, telefone celular comunitário comprados pela associação e mantidas pelos membros. Muitos dos equipamentos para benfeitorias de seus produtos resultam da coleta seletiva do lixo recolhido na comunidade e vendido para fora do município, o que é revertido em forma de recursos para todos. O aproveitamento da água é sustentável e não usam pesticidas ou agrotóxicos, utilizam adubo verde em suas lavouras e procuram estar em equilíbrio com a natureza. Possuem biblioteca pública organizada pela comunidade.
O comércio se destaca com produtos da terra, alguns feito artesanalmente, como por exemplo, a goiabada cascão, rapadura, doces caseiros, queijo verde; e o grande Camarão da Malásia produzido em os vários açudes de criadouros existentes no município.
Apesar de tudo isto, a maior fonte de emprego continua sendo a prefeitura e os órgão públicos, infelizmente usados, muitas vezes com finalidades políticas escusas ainda na atualidade, revelada no paternalismo público.
Mimoso do Sul tem um forte potencial para o turismo ecológico e com fazendas lindas antigas e com uma carga histórica incrível que poderiam ser melhor aproveitadas; tem uma riqueza e uma diversidade cultural e ambiental (topográfica e hidrográfica) sem igual que poderia movimentar a economia sem agredí-la. Não posso deixar de exaltar a comunidade de Palmeiras quando expresso minha opinião, porque todo o município precisa aprender com ela a viver a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente de fato.

domingo, 28 de março de 2010

AMO VOCÊS (paródia da 5ª V 03 e 5ª V 06 para o Dia da Família na Escola)

AMO VOCÊS
(paródia da Música Amor I love you de Marisa Montes)

Hoje eu vim falar da escola
E da família também
Ambas me ensinam, me orientam
E me ajudam crescer
A viver e aprender,
A saber reconhecer

Bis: Mamãe, quero estudar
Papai, quero aprender
Irmãos, vamos pra escola
Família, é bom saber.

Bis: Minha escola, amo você!
Professores, amo vocês!

Hoje eu vim falar da escola
E da família também
Ambas me ensinam, me orientam
E me ajudam crescer
A viver e aprender,
A saber reconhecer

Bis: Mamãe, quero estudar
Papai, quero aprender
Irmãos, vamos pra escola
Família, é bom saber.

Bis: Minha escola, amo você!
Professores, amo vocês!

Mamãe, i love you
Papai, i love you
Irmãos, i love you
Família, i love you...

Aumentar ou não aumentar o preço da água??? Eis a questão...

Aumentar ou não aumentar o preço da água??? Eis a questão... indubitavelmente, a idéia de que só se dá valor às coisas quando “doem no bolso” é clássica no pensamento coletivo, e alcançou o patamar das discussões sobre a valorização e o consumo da água. Inclusive alguns autores alegam que deveriam aumentar o imposto sobre o consumo de água o suficiente para incluir os danos ambientais e estimular a sua conservação. Será que realmente a questão é o preço da água ou o pensamento coletivo de utilização da mesma? Isso é algo muito sério e precisa ser pensado com responsabilidade, uma vez que toda e qualquer decisão que se tome em relação a esse problema, resvalaria sobre todos.
Essa é uma discussão que passa pelo cunho sócio-econômico e revela desigualdades sociais no consumo e utilização desse recurso natural tão primordial à vida no planeta. E, estendendo um pouco mais a discussão, passa pelo cunho da ética e da cidadania.
Considero que a hipótese supra referida de aumentar o imposto sobre consumo e utilização da água é um pouco improcedente porque, na realidade, a grande maioria da população formada por cidadãos comuns como eu, que paga seus impostos para ter o direito ao consumo de uma água de qualidade em seus lares e usufruir desta em seu dia a dia, porém não a utiliza com responsabilidade e consciência, o que se reflete no desperdício.
Uma forma fácil de perceber isso é observando que muitos, numa simples higiene bucal (ou lavagem das mãos), enquanto escova seus dentes, deixa a torneira aberta desperdiçando água, outro exemplo comum seria daquelas pessoas que sabendo que o volume de água potável boa para consumo está se escasseando, fica horas regando as ruas pra ver se brota algo dos paralelepípedos ou do asfalto.
Estas e outras são pequenas atitudes que, incorporadas ao automatismo das ações diárias, revelam o despreparo da população em assumir uma postura eticamente correta em relação às questões.
Se durante muito tempo a água foi um elemento de livre utilização do ser humano, hoje requer que paguemos imposto sobre seu consumo para a termos limpa e tratada em nossos lares e/ou estabelecimentos, e toda a população, indistintamente, paga para poder usufruir de seus benefícios; e, uma vez pagando, hipoteticamente se torna um bem de consumo, e um serviço de direito. Sendo um bem de consumo adquirido sob uma valoração monetária (representada pelo imposto cobrado sobre seu uso), se torna um direito adquirido financeiramente, então sendo “comprado” mensalmente, pode-se utilizar da forma que bem entender... pagando por esse consumo, acha-se no direito de dispor dele da forma que melhor aprouver.
Há, em contrapartida, também, aquele cidadão que cumpre suas obrigações em relação às tarifas sobre água e esgoto, e não recebe a contento por esse direito, é o caso, por exemplo, das populações de favelas, ou de localidades periféricas onde há dificuldade de chegar água tratada nas torneiras conforme deveria e muitas vezes as pessoas consomem água não tratada de nascentes ou mesmo do rio próximo, nesse caso, arriscando-se a adquirirem doenças como verminose, afecções na pele, etc. Aumentar as taxas, portanto, doeria um pouco mais no bolso do cidadão comum, e não resolveria o problema. O que fazer então para solucionar o problema deve ser pensado e decidido em consonância com a sociedade, isto é, com a participação do povo e a tomada de consciência de que a responsabilidade é de todos, e a questão maior não é quanto cobrar, mas como levar todos ao consumo responsável dos recursos hídricos. E mais, não é só o cidadão comum, na sua luta diária para sobreviver, que tem que “pagar um pato” que é de toda a sociedade e que muitas vezes aqueles que tem maior parcela no problema, saem ilesos.
Deve-se considerar principalmente o fato de se saber que o problema maior não está no consumo de água e no esgoto residencial (embora este seja também um forte contribuinte para o agravar do problema), mas das grandes empresas, na utilização dos recursos hídricos por exemplo para despejo dos dejetos e resíduos industriais altamente poluidores, na utilização de grandes quantidades de água utilizada para o resfriamento de suas máquinas, fornos, turbinas, que retornam para os rios aquecidas e sujas, causando choques térmicos, acelerando processos químicos que desestruturam o equilíbrio da flora e fauna dos mesmos, provocando o aniquilamento ou a morte de muitos rios, a exemplo do que se sucedera ao rio Tietê, há alguns anos atrás no estado de São Paulo.
Mas, mesmo diante dessa realidade, o que se vê é que essas grandes empresas, fábricas, ... não são tratadas pelas entidades competentes com o rigor que deveriam, os crimes ambientais cometidos por elas parecem não existir ou não ter a proporção destruidora que realmente tem. A população carente não pode pagar pelos danos causados pelas grandes empresas e multinacionais. Portanto, antes de se procurar elevar os índices dos impostos, há uma necessidade de se refletir muito bem sobre que parcela da população deverá ser aplicada, levando alguns critérios que regularizem a situação sem tornar ainda mais difícil sua condição financeira.
Um outro grande responsável pela poluição e contaminação das águas são os grandes e pequenos proprietários que lançam pesticidas e agrotóxicos em suas lavouras, contaminando o solo, e estes, com as chuvas, alcançam os rios e as nascentes, e dependendo, pode até alcançar (pela infiltração no solo) os lençóis freáticos. Sem contar que alcançando lagos e lagoas, a renovação dos mesmos é mais lenta ou ( por serem águas paradas) podem ser irreversíveis.
Uma coisa é certa, o meio ambiente tem que ser preservado, os recursos naturais não renováveis devem ser preservados, mas quando a pessoa não tem sequer sistema de rede de água e esgoto adequados, pode pensar em como preservar o meio ambiente, e seus recursos hídricos? Certamente que não, porque antes de mais nada, precisa pensar em formas de se preservar vivo.
Nesses termos o aumento dos impostos sobre o preço da água teria como reflexo uma maior impossibilidade dessa população carente de usufruir dessa água tratada. Portanto, antes de aumentar a tarifação, deve-se mudar a estrutura de atendimento, abastecimento à toda a população, visando a melhoria na oferta desse serviço e mais, estabelecer medidas de “educar” o consumidor para a utilização consciente da água, lembrando que, na realidade os efeitos de ações como essa, não tem uma resposta imediata, ao contrário, requer demanda de tempo e boa vontade.
É preciso conscientizar a população de que os reflexos da escassez de água retornam para todos nós e é necessário que todos compreendam isso e se responsabilizem de seu papel. As ações devem ser preventivas e não punitivas e devem atuar sobre o todos com justiça e equidade. Não podendo haver parcialidades, ou apadrinhamentos. As grandes empresas, os grandes latifundiários, e todos aqueles que se utilizam de modo irracional da água devem ser responsabilizadas e cobradas pelos danos que fazem ao meio ambiente e pelas ações de recuperação dos danos que causam e serem multadas sim, caso não tomarem medidas de preservação ao meio ambiente, ao consumo e utilização da água.

Como e por que a oferta ou a escassez de água pode determinar o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade de um lugar?

A oferta e/ou a escassez de água em determinada região pode ser preponderante para seu desenvolvimento, uma vez que a população da mesma, sem ter água suficiente para suas necessidades diárias, a exemplo do que ocorre na região mais severa e miserável do nordeste brasileiro, obriga o povo a se colocar sobre caminhões vulgarmente conhecidos pau de arara, migrando para outras regiões ( mais precisamente a região sudeste) em busca de melhores condições de vida. Isso porque a escassez de água devido as grandes temporadas de seca, impossibilita a manutenção de lavouras, não dando para plantar nem colher, e tudo o que se planta é certamente perdido. Em contrapartida, a incidência de chuvas excessivas na região sul e sudeste, tais como as ocorridas no final do ano passado (2009) e início do atual, na localidade de São Paulo, Rio de Janeiro (Norte Fluminense, mais especificamente) e Santa Catarina, afetaram e afetam as condições de sustentabilidade local uma vez que as cheias trazem destruição e perdas à população, às lavouras, e ao comercio. Doenças devido ao fato de a população entrar em contato com as águas contaminadas por esgoto, detritos e fezes de animais, ou seja, água sem tratamento. Assim, seja na escassez ou no excesso, o desequilíbrio prejudica a relação de sustentabilidade e o desenvolvimento econômico de determinado local. A seca do nordeste, indubitavelmente, faz dessa região um local desertificado e abandonado, a população não tem muita opção de vida, a não ser que migre para outras regiões. As enchentes nas regiões sul e sudeste trazem como consequências a necessidade de ações emergenciais de socorro à população que ao perder o pouco que tem, precisam de ajuda e socorro. A economia e a sustentabilidade, nesse caso tendem a ser um fator de menor importância, uma vez que o importante é sobreviver à tragédias que os acometem. Quem perde tudo numa enchente não vai se lembrar de ser sustentável, e vai necessitar de muita ajuda econômica, certamente. Isso pode ser constatado na mídia oficial,em todo o período de fortes chuvas nas regiões sudeste e sul. Já a seca do nordeste, pouco se fala, o cidadão nordestino vive esquecido, entregue à própria sorte.
Na Bahia, Fazenda Nova Canaã melhora a vida de famílias carentes o projeto desenvolvido pelo Bispo da Universal Crivella no final dos anos 90. O senador Marcelo Crivella adquiriu uma propriedade de 450 hectares no município, comprada com o dinheiro arrecadado com a venda do CD “O Mensageiro da Solidariedade”. Nascia ali o Projeto Nordeste.
Batizada de Fazenda Nova Canaã, a propriedade hoje conta com 150 funcionários. Alunos das escolas municipais têm aulas de educação física dentro da fazenda, com direito a piscina, quadra poliesportiva e campo de futebol. Além disso, famílias pobres residem ali. Há ainda um consultório médico e odontológico que atende, gratuitamente, cerca de 60 pessoas por semana.
No Centro Educacional Betel (CEB), a escola da fazenda, 500 crianças, com idades entre 3 e 11 anos, recebem quatro refeições diárias, kit de higiene, material didático e uniformes lavados e passados na lavanderia que funciona no local. Ainda levam para os pais e irmãos um saquinho de pães produzidos na padaria da fazenda.A propriedade auto sustentável conta com um moderno sistema de irrigação trazido de Israel, que retira água do subsolo e goteja ao pé das plantas, demonstrando que se houver um pouco de boa vontade, é possível melhorar a vida daquelas pessoas acometidas pela seca. Segundo o senador, “o Projeto Nordeste foi idealizado para ser um modelo de reforma agrária para o Brasil. Garantir educação de qualidade para crianças carentes, emprego e moradia a famílias pobres são esforços de cidadania que contagiam todos os brasileiros de boa vontade”, observando-se os princípios da sustentabilidade com produção para consumo próprio e sem causar maiores danos à natureza e ao meio ambiente.