conversando com irene

sábado, 30 de julho de 2011

NAO TIVESSE EU...


Já dizia o poeta:
“Filhos, melhor não tê-los
Mas se não tê-los, como sabê-los”
Há grande verdade nas palavras do poeta...
Não tivesse eu os meus...
Não saberia da alegria
De ter sido mãe um dia e trazer dentro do ventre
A semente da esperança, na promessa da criança
Que de mim então nasceria.
Não tivesse eu os meus...
Não experimentaria
O medo de perder seus sorrisos
De um dia não mais serem precisos
Meus desvelos maternais.
Não tivesse eu os meus...
Não saberia como é lindo
Dar de mamar ao ceio
Cuidar com amor o rebento

Ensinar os primeiros passos

E ouvir dos lábios sorrindo
A doce palavra: MÃE
Vê-los crescer saudáveis e fortes
Formando no belo porte
Os homens de quem me orgulho
Meus sempiternos meninos.
Não tivesse eu os meus...
Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 30/07/2011

Enviado por Nina Costa em 31/07/2011
Código do texto: T3129680     
  

COMO NASCE O POETA?

Poeta já nasce feito

Na alma plena do menino
E a escola vai dando jeito
De mostrar que existe estilo
Pra forjar em seu poema
As nuances da criação.

Em ritmo e dança, vai o poeta criança
Pelas ruas curvas dos versos
Nada solto  branco e livre
No incerto lago das rimas
Cata flores em anjambreman
Nos jardins da ilusão
Para dar à menina amada
Sua doce  namorada
Na face oculta da lua.

Menino brinca de licença poética
Se estica, se encurta, se “afigura”
Pra caber dentro da métrica
Se esconder atrás da noite
Brincando de ser o sol na fenda do horizonte
Menino desperta o dia com a sua alegria
Independente da idade, dos sonhos que o remonte
O poeta é o menino sem segredo
As palavras, seu brinquedo
No playground da poesia.
Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa,30/07/2011
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 31/07/2011
Código do texto: T3129678       

ANTES QUE... "SOU”

Antes que você me deporte

Pro lado negro de seu cérebro
E me jogue no sótão do esquecimento
Sou galho  em sua janela a arranhar o vidro da memória

Antes que me quebre qual cristal de nossas eras
E destrua  todas as  antigas  quimeras
E  espalhe as partículas pelo chão
Sou  pedra bruta a ferir os pés de descalços da ilusão
Não me esmague... Não me espalhe
Não me chute noutra direção.

Sou a página adulterada  do livro de sua história
Não me rasure... Não me apague... Não me rasgue
Não me amasse e jogue na lixeira de seus horizontes.

Sou selo dos seus desejos colado  na fronte
Sou seu inferno Astral
Seu bem e seu mal, gravada nos genes de seus cromossomos.

Antes que me esqueça atrás do espelho
E o vazio de minha imagem não faça seu reflexo
Tatuo  meu  em braile nome em seu sexo
Pra lhe mostrar que  mesmo  sem nexo, ainda somos
Não me esfole...Não me escame
Não me apague com suas digitais
Leia-me, releia-me e me queira mais
Em outras  e novas edições...
Irene Cristina dos Santos costa – Nina Costa, 30/07/2011
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 31/07/2011
Alterado em 31/07/2011
Código do texto: T3129674       

VOOS DO CORAÇÃO


O coração quando cria asas
Muda de casa
Muda de ninho
Não quer ser sozinho
O coração quando cria asas
Quer outros leitos
Em outros peitos
Outras paixões
Novas emoções
O coração quando cria asas
E voa e voa e voa
Até que encontra o regaço
No colo da alma gêmea
E o coração
Descansa as asas
E ali planta seu poema
Sementes amor perfeito
No solo fértil da vida...
Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 30/07/2011)
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 30/07/2011
Código do texto: T3128053

INCOERÊNCIA POÉTICA

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
................................."
(Fernando Pessoa)

Sentir saudades de amores que não viveu
Dos doces beijos que não deu
Dos fortes laços que não criou
Com sequer conheceu...
Rir de fatos  que a bem  de toda verdade
O faz somente pra  alguém sorrir
Entrar em prantos e desencantos
Escrever amarguras com o mel na boca
Fugir pra lua com os pés no chão num  flesh de insanidade
Resplender  sentimentos que não sentiu
De emoções que não vibrou
De sonhos vários que não intuiu
Das muitas dores que entre horrores
Nem  pressentiu...
E assim, grande  fingidor
Pobre poeta, à duras penas
Na incoerência faz seus poemas
E submerso  à pele em flor
Tatua versos feito magia...
Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa,29/07/2011)
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 29/07/2011
Alterado em 29/07/2011
Código do texto: T3126258

PAPO DE BROTHER

Qual, meu irmão?
Qual é, meu  mano?
A vida tá  difícil?
Tá entrando numas?
Me dá a mão...
Juntos de boa,  damos um “playsão”
Não tá com nada
Parar na estrada
No meio do caminho
Ou tentar sozinho
Que não dá não.
Tô junto nessa
É bom à beça poder contar
Co’alguém por perto
Nessas incertas que a viva dá.
Tô na parada!
Direto e reto pra te ajudar
Papo de brother...
Se liga nessa,  ... Morri na cruz
Pra te salvar.
(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 29/07/2011)
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 29/07/2011
Alterado em 29/07/2011
Código do texto: T3125701

ALONE

Todas as vezes
Em que eu me inflamo
E entre gemidos e sussurros
Alucinada, lhe chamo
E esse sofrer latente e pulsante
Diz que ainda lhe  amo
Eu choro a ausência de você
E eu sinto
No peito assim dormente
Não há dor, não há morte
Só abandono...
(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 28/07/2011)
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 28/07/2011
Código do texto: T3124132

INCONSTANCIA

Dias
Rotina
Constância
Pelas manhãs
Abrem-se as janelas
O sul aquece os quartos
O cheiro da terra penetra as narinas
As crianças  alvoroçadas correm pelos prados
Aos ouvidos, o silvo dos pássaros  no alarido matinal
O vento assopra a copa das árvores
que se balançam opulentas
A vida  espalhada pela natureza
é  um espetáculo aberto aos sentidos
O leite quente,
o café com gosto de roça,
o pão caseiro,
a mesa posta
e a gente...
Tudo é tão perfeito e segue seu percurso no leito  dessa vivenda,
no seio dessa família.
Só meu coração bate descompassado
Cheio dessa inconstância
Afoito
Não é mais criança
Nem quer rolar mais pelos prados
Quer voar, ganhar paragens
Assim, todo angustiado
Coração quer ir pra longe
Ele está freneticamente louco
Com asas de  apaixonado.
(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 26/07/2011)
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 26/07/2011
Alterado em 27/07/2011
Código do texto: T3120163

LÍNGUA BRASILEIRA

Cantara-te Bilac a beleza
Plantada nos rincões que em nós encerra
O orgulho, ó linda flor de nossa terra
Amada minha, língua portuguesa.

Em que Camões clamou atrás dos montes
Do vértice d’alma  fez-se  o poema
Da escrita retirou hífen e trema
És o  maior primor,  linda e risonte.

Devoto de tua força miscigena
Do branco, negro, índio e outras raças
Prenúncio do esplendor  que em ti extrema

Ó  bruta língua inculta e fagueira
Conclamo a te amarem por tua graça
Tesouro,  és bem maior, és brasileira.
(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 24/07/2011)
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 25/07/2011
Alterado em 30/07/2011
Código do texto: T3116805

sábado, 23 de julho de 2011

O MELHOR DE MIM


Pena que não saibas que te amo tanto...

Te amo, meu amor, muito e amiúde
E o melhor de mim entrego a ti
Despejo em teu cálice, tinto desejo
Sacio tua sede em meu doce beijo
E espero que vejas a amplitude
Do melhor de mim que entrego a ti:

A fragrância de minha carne apaixonada
A penetra em teus sentidos, e entorpecer tua emoção
O sabor de minhas ânsias e saudades
A vasculhar teus mistérios e descobrir as fantasias;
A textura de minha pele a cobiçar a tua
A provocar em ti loucas fissuras de amor sem fim...

Pena que não sabes deste amor que é muito
Muito mais que uma simples emoção
Além da explosão dos cromossomos
No fervilhar dos corpos em lampejos sem razão.

Pena que não sabes meu infinito bem
Que meu amor por ti, é extremo
E vai muito mais além da imaginação...

(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa23, /07/2011)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O VALOR DAS LETRAS


As velhas mãos calejadas não sabiam sequer segurar o lápis que numa ferrenha luta, feria o papel até rasgá-lo, levando-a por diversas vezes a abandonar o instrumento de luta e desistir no meio da batalha, numa tristeza de quem não teve oportunidades oferecidas pela vida, de frequentar os bancos de escola, de aprender a juntar as letras e formar palavras, frases, textos, sonhos,... ou simplesmente, pousar numa linha pautada o desejado nome escrito de próprio punho.
No silencio gritante de sua tristeza muda, deixava sobre a mesa o papel e o lápis e ia cuidar de seus afazeres domésticos ou sentar-se na poltrona velha coberta de colcha feita de retalhos pra assistir a televisão caixotão de madeira que pra funcionar direito carecia de uns bons tapas.
Esse ritual de tentativas e desistências se repetiam diariamente quando a filha normalista chegava em casa trazendo no peito o profundo desejo de livrar a mãe da mancha roxa no dedo de todas as vezes que esta precisava assinar alguma coisa...e enchia os olhos d’água por ser analfabeta, numa mistura de sentimento de humilhação, impotência e dor... As teorias de alfabetização, as técnicas e procedimentos didáticos, tudo o que aprendia procurava usar com a mãe, seria uma realização alfabetizar alguém tão querido e ver nos traços manuscritos dela a libertação de uma vergonha trazida por tantos anos no silencio daquele coração.
Passava o tempo e os progressos começaram lentamente a aparecer e a mão teimosa e pesada já se permitia a escrita de rabiscos ininteligíveis mas que representavam um progresso magnífico, ... e o coração daquela mãe e da jovem normalista se enchia de prazer e alegria e o pensamento divagava na certeza: “Quero ser alfabetizadora.”
Os olhos da mãe brilhavam na expectativa de escrever o próprio nome e não ter mais que sujar os dedos na agencia bancária todo mês, quando ia receber a pensão. Mas as ironias do destino pregam peças que não se pode prever. A jovem normalista se formou, começou a trabalhar (não como professora das séries iniciais, mas das finais do Ensino fundamental). Foi lecionar longe e quase não tinha mais tempo para ensinar a mãe que aprendia lentamente. Depois veio a doença e a mãe faleceu sem ter aprendido a escrever o nome... sem deixar de manchar de roxo os dedos e a alma.
A jovem enterrou juntamente com a mãe o sonho de ser alfabetizadora, mas a lembrança de sua velha mãe tentando aprender, e o desejo de ver a filha instruída e formada alimentou seu amor pela profissão, seu amor pelas letras. Vinte anos depois a filha encontra-se diante do computador, digitando esse texto, com os olhos marejados de lágrimas e o desejo de prestar uma homenagem à mãe analfabeta que lhe ensinou a valorizar as letras e amar a literatura.
“Lhe amo mãe, eu tentei alfabetizá-la e não consegui, mas com você aprendi a ler nas entrelinhas as lições que a vida me dá...”

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 14/07/2011)
Publicado no Recanto das Letras em 14/07/2011
Código do texto: T3094080

A TURMA DO FUNIL – PARTE II

A PERSEGUIÇÃO

O senso de justiça é algo muito relativo quando se age não com a razão, mas com a emoção. A imparcialidade não existe quando se está emocionalmente motivado. Alguém pode até perguntar se estou me referindo a algum caso de audiência em algum julgamento ocorrido em minha cidade e que eu tenha observado um feito injusto acontecendo por parcialidade da autoridade competente.
Pois bem, quem pensa assim, equivoca-se profunda e redondamente, pois me refiro a um fato corriqueiro da infância de qualquer menino arteiro com uma turma de irmãos e amigos passionais. Fazia um sol de rachar e um calor tremendo naquela tarde e como sempre, no quintal de casa estavam reunidos papai, mamãe, eu, minhas irmãs Rita, Madalena, Conceição e Mirinha, uma amiga, todos numa conversa folgada, quando Luiz, meu irmão, desce morro abaixo, vindo lá da Mina, correndo entre os pés de café da lavoura do Sr. Gildo, suado, cara de apavorado, neguinho já pálido de medo seguido de dois meninos que o perseguiam com a clara intenção de dar-lhe uma boa sova, sabe-se lá porque.
Eram eles Nilcinho e Mauro (os dois primos que moravam do Alto São Sebastião). Havia uma rixa entre a galerinha do Alto e a do funil, portanto nem precisava de motivos óbvios para a perseguição, porque estava intrínseco no orgulho dos moradores de cada bairro o ímpeto de “gerra” e de sobrepujar o oponente, e a mínima coisa se tornava em grande motivo pra um pega pra capar.
Luiz abaixa-se e passa feito um gato por baixo da cerca, com uma velocidade incrível, mas esquece as costas ao arame farpado que faz um lenho nela, o sangue velho escorrendo vermelho em suas costas negras, e ele na hora nem sente, corre direto para dentro do quintal onde estamos proseando. Nilcinho e Mauro atrás dele, até que se deparam conosco esse reconhecendo-se minoria, disparam, instintivamente, . em fuga na direção oposta.
O curioso é que aquele séquito de mulheres, agora, visivelmente enfurecidas disparou a correria atrás dos dois moleques gritando: “volta aqui”, “vocês não são valentes”, “enfrenta a gente”... claro que os meninos não voltaram, antes, sumiram como vento na correria desembestada... e a mulherada tentando alcançá-los, foi até enquanto deu, não alcançando (pudera, não é!), voltou atrás rindo-se dos meninos apavorados.
E o mais interessante ainda desse ocorrido é que, ao retornarem para a sombra da mangueira do quintal de minha casa, continuaram a prosa solta como se nada tivesse acontecido, todos rindo, brincando se divertindo... Disso tudo só o Luiz ficou com o rasgo nas costas que a cicatriz remanescente não deixa esquece... e dizem as más línguas das vizinhas faladeiras, que Nilcinho e Mauro estão correndo apavorados até hoje. A única coisa que ninguém procurou saber de fato, foi o motivo porque eles tentaram bater no Luiz.

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 14/07/2011)
Publicado no Recanto das Letras em 14/07/2011
Código do texto: T3094063

domingo, 10 de julho de 2011

AMOR INDICATIVO


Na certeza que me amas
Eu te amo, meu bem
Tu me amas na certeza
Que eu te amo também...

Esse amor que é em nós,
Pura concretude,
Nessa entrega, ele vai muito mais além
Do que a pele, do que a carne, do que o medo
Podem impor ao desejo e ao segredo
À vontade de se dar a outro alguém...

Eu te quero e tu me queres sem receio
Somos plenos nesse amor,
Que é só virtude
Somos plenos nesse amor,
Que é só querer.

Longe ou perto, esse amor é plenitude
Faz de ti, eternamente, meu homem
Eu para sempre ser tua mulher.
Na simbiose de criaturas que se amem
Reunidas n’um só corpo e um só ser...



(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 2000)

Obs.: Este poema faz parte de uma trilogia de textos (AMOR INDICATIVO, AMOR IMPERATIVO e AMOR SUBJUNTIVO). Gostaria que se possível, lessem os outros...
Nina Costa
Publicado no Recanto das Letras em 11/07/2011
Código do texto: T3087634

sábado, 9 de julho de 2011

AMOR IMPERATIVO


Te ordeno:

Beija-me como abelha na flor de açucena
Faz-me tua canção e mais lindo poema

Ama-me sem medida e sem receio
Queira-me em tua vida o tempo inteiro

Faça-me tua razão, teu pensamento
Tua emoção e até o teu tormento...

Mas ama-me porque me amar é teu destino
Tua verdade, mesmo em meio aos desatinos

Convença-te que me querer é tua vontade plena
Sê louco por mim ao extremo de seu verso e trema

Porque me amar é o que te ordeno sim
Pra eu vê-lo implorar um pouco mais de mim...

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, escrito em 2000)
Nina Costa
Publicado no Recanto das Letras em 10/07/2011
Código do texto: T3085972

AMOR SUBJUNTIVO




E daí
Se não sei seu nome
Se não anotei seu telefone
Se não tenho seu endereço
Se não conheço os seus pais
Ou não descobri a história de sua família...
Eu sei
Que sentir seu carinho é bom
Que provar seu abraço é forte
Que viver seu beijo é envolvente
Que ouvir sua voz me faz flutuar
E que absorver seu perfume me enlouquece
E então
Quando vir você de novo
Quanto estiver em seus abraços
Quando beber seus beijos doces
Quando flutuar nas nuvens ao som de sua voz
Quando quiser me despir de minha camisa de força por amor a seus Vênus
Vou anotar em um bilhetinho apenas isso:
Ps.:Te amo 100 Kompromisso...
Ass.: Tua pekena!!!

(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, escrito em 2000)
Publicado no Recanto das Letras em 09/07/2011
Código do texto: T3084853

MIMOSO DO SUL














Menina mimosa que se assenta pra brincar entre montes
Teu nome é poema para ouvidos de quem te ama
Inflama o coração daqueles que te conhecem
Com teu primor de pérola sulina
Doce menina vestida de história e tradição
De encantamento e sedução...
Mimosa mulher, entre colinas aninhada em leito
Que na surdina da noite acalenta os sonhos dos que te amam à distancia
Amigos errantes que se perderam de ti
E desejam por tuas curvas veredas ... novamente se enveredar
O veio de suas fontes cristalinas, mulher menina
No calor de teu aconchego, mimosa cidade,
Vibrar de pura e visceral felicidade...
Quem te conhece não esquece
Olhos que se deleitam de tua rústica beleza
De tua natureza, não encontram razões para não te amar
E querer ficar... linda pérola do sul de meu Estado de graça
Mimosa cidade ... Mimoso do Sul...
(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 09/07/2011)

Este poema é uma homenagem à minha cidade tão querida, plantada ao extremo sul do Espírito Santo, entre montanhas e colinas...
Publicado no Recanto das Letras em 09/07/2011
Código do texto: T3084579

quinta-feira, 7 de julho de 2011

AINDA... (...) QUE...


















Ainda que eu não saiba o porquê meu próximo ser como é,
Que eu que saiba amar sem questionar seus motivos.

Ainda que eu não entenda o propósito de todo o sofrimento,
Que eu saiba vencer as dores de cada momento existencial.

Ainda que eu não desfrute de todas as benesses da vida,
Que eu saiba agradecer as vitórias conquistadas com perseverança.

Ainda que o tempo passe sem que eu consiga retê-lo, e não consigo,
Que eu saiba envelhecer com graça de criança e sabedoria quem aprendeu viver.

Ainda que eu não venha realizar tudo o que pretendi pra mim,
Que eu saiba tirar de casa instante, o melhor que puder para ser feliz.

Ainda que eu não tenha explicações para todas as coisas,
Que eu saiba explicar a simplicidade de apenas ser quem sou:

Nas pequenas conquistas do dia a dia,
Nas relações cultivadas com amor,
Nas sementes de amizades plantadas coração dos que me acercam,
Nas palavras que não calei e tentei proferi nos momento certo,
Nos legados que deixarei aos que vierem após mim...

Assim, ainda que eu não pense todas as coisas do mundo...
Penso, logo existo, e minha existência ficará marcada sobre a terra como quem,
Entre muitas guerras tentou oferecer uma flor - uma rosa de Saron...

Ainda... (...) Que...


(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 07/07/2011)


Nina Costa
Publicado no Recanto das Letras em 07/07/2011
Código do texto: T3080454

AS FACES DE EVA

AS FACES DE EVA
Ser mulher dentro da mulher que preciso ser é ao mesmo tempo apresentar uma em múltiplas faces. Não é fácil lidar com isso, sem desejar um disfarce para aliviar o peso de carregar tantas mulheres dentro de mim. É estranho pensar assim, mas me recordando um filme antigo que vi há muito tempo atrás, “As três faces de Eva”. Filme este, inspirado na história real de Chris Costner Sizemore, uma pacata dona de casa, depressiva, que possui 3 personalidades completamente diferentes dentro de si, e que ao longo dos anos revelou outras tantas.
Em 1957, no filme, esta personagem é Eve White, que ao ser levada pelo esposo ao psiquiatra, tem o diagnóstico de trazer dentro de si a existência de outros álteres (outras duas personalidades distintas, Eve Black e Jane). Trata-se, de um distúrbio pouco conhecido na época, chamado Distúrbio de Personalidade Múltipla, hoje conhecido como DDI – Distúrbio de Dissociação de Identidade.
Depois desse rápido mergulho histórico que Titio Google me proporcionou como alicerce às minhas lembranças, volto às implicações adjacentes que a narrativa me permite.
Embora o filme enfoque o caso de um distúrbio mental, eu, fazendo um gancho na realidade estressante que a vida moderna tem nos imposto, obrigando-nos a assumir papéis diferentes e diversos (de mãe de seus rebentos que precisam de sua plena atenção, esposa/dona de casa dedicada do marido que não abre mão de seus zelos domésticos; da profissional competente que não pode errar, pois se erra é porque é mulher; da esposa/amante, que tem que estar bonita, sexi, perfumada e bem disposta, porque se assim não for, o marido vai buscar outra que a substitua;...).
Ser mulher é portanto, nos multiplicar em várias e nos esforçar para ser total em cada uma delas, porque os filhos, o patrão, o esposo/amante, nós mesmas nos queremos por inteiras e a disputa das “Evas” existente dentro de nós é desgastante. E, querendo ou não, na realidade, uma sempre vai deixar a desejar e as cobranças da sociedade, da família, de nós mesmas são uma inevitável conseqüência.

Só que ninguém é perfeito, e a Diana, a “Mulher maravilha”, só existe nos desenhos da Marvel. E mais, se nem mesmo a primeira Eva da história da humanidade foi perfeita, por que nós, as modernas deveríamos ser? Ainda dizem as teorias pagãs, que antes de criar a Eva edênica da costela de Adão, Deus havia criado outra mulher do mesmo pó da terra que havia feito seu parceiro, esta se chamava Lílith. Porém ela causara tantos problemas que foi banida do Éden.
Vendo o homem só e infeliz, Deus se compadeceu e voltou a criar, mas não do pó, agora da costela de Adão, para que ela nunca viesse querer ficar acima dele, como Lílith tentou, e nem tampouco ele viesse a tentar colocá-la abaixo de si... e deu-lhe o nome de Eva... e esta ser-lhe-ia por auxiliadora.
Auxiliadora, sim, “A U X I L I A D O R A” ... Quem auxilia não decide, ajuda a decidir; não manda, não faz, compartilha da ação. Pois bem, Eva auxiliou a decisão de Adão em comer o fruto proibido e pagou com a sentença de parir as dores do mundo, e carregar a culpa do pecado original... eis aí o início do dilema da mulher...
Não creio que Deus tenha errado na criação da mulher, e por isso teve que fazer de novo, mas a Lílith do pensamento pagão é uma outra face da Eva que existe em cada uma de nós, a que desejou, ambicionou o fruto proibido e foi sagaz, ousada em convencer o fraco e omisso Adão em segui-la neste feito. A Eva edênica, criada por Deus (auxiliadora) é o equilíbrio, o ego personificado; a Lilith (outra face de Eva) é nosso id, que traz todas as nossas punções ao “pecado”, a carga da libido que nos faz querer ser além do que devemos ser, do que é permitido ser, que nos impulsiona consciente ou não a realizar nossos mais terríveis desejos.
E vem a sociedade (Eva matrona, moral), o superego, e diz: “você não pode”, coloque-se mulher em seu lugar de: mãe, esposa, profissional, filha,... e nesse ínterim, nos vestimos da máscara que a sociedade oferece em cada situação e vão se multiplicando as faces de Eva em nós...
Agora eu pergunto: você é normal? Quantas Evas há dentro de você, mulher?...
(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 07/07/2011)
Nina Costa
Publicado no Recanto das Letras em 07/07/2011
Código do texto: T3080335

terça-feira, 5 de julho de 2011

PREFÁCIO DE UMA SAUDADE


Foram alguns anos convivendo com ele, pela manhã, sentava ao colo e pedia a bênção, beijava vergonhosamente o rosto e ele respondia com um quase sofrido sorriso de um coração já idoso e castigado pela vida:
_ Deus te abençoe, filha!
Eu me arrumava, tomava o café ralinho e doce de minha mãezinha, pedia a benção também e ia pra escola, às seis horas da manhã, com aquela frase de benção fervilhando minha alma de criança. Ritinha e Rosinha eram minhas companheiras, íamos brincando e sorrindo pelas ruas de chão do Funil, até na entrada (ou saída) do Alto, ali já era calçamento de paralelepípedos.
Tia Eubéia era a professora mais linda e a melhor do mundo; minha escola, não tinha outra que fosse melhor, minhas manhãs eram as mais felizes que alguém poderia ter, mas o melhor de tudo era voltar para casa e encontrar meu pai sentado no toco de pé de coco feito de banco no quintal e ali aos pés daquele velho senhor de negras faces e traços marcados na carne pelo tempo e as lutas, ouvir suas fascinantes histórias e aventuras, seus conselhos e causos...
Lembro de um causo que era sempre motivo de muitos risos entre nós quando papai contava que: uma certa noite saiu pra caçar e era quaresma. Segundo antigas crendices, nesse período, é proibido caçar, a mata afugenta os mais exímios caçadores. Mas meu pai esqueceu disso e foi caçar levando a cachorrada com ele. De repente, no escuro da mata, ouviu um assovio e os cachorros seguiram o barulho, porém assustados e chorando do jeito que cachorro chora quando tem medo... meu pai foi atrás, ouviu de novo, agora no fundo de um buraco que parecia ser de tatu, e a cachorrada oiriçada latindo e chorando em volta do buraco, arranhando o chão e deitando com as orelhas baixas e o rabinho entre as pernas.
Sem entender o “porquê” da cachorrada boa de caça agir daquele jeito, papai espia dentro do buraco e de lá do fundo ouve mais um assovio, e um jato de terra enche seu olho curioso e um vulto preto sai do oco do buraco num vento de arrepiar os cabelos do nego velho. Era um saci...
Papai não ficou para as apresentações, saiu correndo sem olhar para trás e a cachorrada medrosa junto. Chegou em casa com a cara suja de terra, o coração na mão e o embornal vazio. Mamãe pergunta pela caça e ele diz:
_ Que nada de caça, Téta, minha capivara veia! Eu achei foi um saci, ... mas ocê num queria que eu trouxesse o raio do muleque treteiro pra casa né, mulé?!!!
Esse e outros causos ele contava rodeado da filharada sentado no toco de coco feito de banco na sombra da mangueira de nosso quintal de chão batido... lembrar dessas coisas numa lembrança doce faz-me sentir de novo a presença de papai e de mamãe, ...o cuidado e o amor de meus velhos pais são o prefácio de uma saudade gostosa que perdura pra sempre em mim...



(Irene Cristina dos Santos Costa – Nina Costa, 05/07/2011)
Publicado no Recanto das Letras em 05/07/2011
Código do texto: T3076193

segunda-feira, 4 de julho de 2011

CARTA PARA FREUD.

Caro amigo Freud,

Quem lhe disse que tenho mecanismos de defesa? Que meu ego se resguarda e que tem medo?

Ando indefesa e sem nexo, com mecanismos velhos e falhos. Ainda que o sexo seja pungente sobre minha libido, não é em volta de meu umbigo que circula o mundo, nem meus conflitos de criança são de todo assim oblíquos.
Portanto, não venha me dizer que sou egocêntrica, minha essência de Electra jaz adormecida no oceano remoto do subconsciente. Já aprendi a camuflar minha inconstância na retórica de meu discurso, e a desviar minhas punções em versos e poesias, ... pouco me importando se quem leia me entenda bem... Amigo Freud, não escrevo para que me entendam, mas para extravasar, e às vezes meus versos cortam e ferem feito punhal; ardem na ferida feito sal,... mas também em outras circunstancias, eles podem até emocionar e cativar alguém.
Acontece é que guardei alguns de meus monstros antigos e sagrados embaixo da cama, e à noite, eles vêm perturbar meu sono e, nesse desassossego, é impossível dormir e sonhar, sonhar aqueles sonhos fantásticos que satisfazem o id cheio de perversões e fantasias,... a insônia tem sido, assim, minha constante companhia.
Tome mão de seu bloquinho de anotações, avalie meu caso e veja se estou certa, ainda que nas horas mais incertas, o superego tente afugentar minha sanidade em favor do senso coletivo, estou precisando me equilibrar, não quero comprimidos para ansiedade, não quero fazer Yoga pra me harmonizar. Preciso urgentemente rever meus complexos, resolver meus conflitos nesse seu divã, mas se não for o caso, deixe-me apenas dormir um pouco nele até amanhã...
Freud, explica? Não,... complica!!!





(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 04/07/2011)

Publicado no Recanto das Letras em 04/07/2011
Código do texto: T3073933

ESPERANÇA

Não era mais
que um raiozinho efêmero de luz
Não era mais
que uma promessa que a retórica produz

Era um ponto verde de novidade a acalentar meu ser
Um estreito elo entre a vontade plena e o plácido querer
Um fiozinho dourado de sol na manhã sombria e nebulosa
Uma partícula profusa de ilusão dentro da alma caudalosa

Uma gotinha de orvalho na pétala rosada de meu coração
Uma perene fonte de onde submerge a contígua emoção
Alimentava de sonhos uma vida quase taciturna e triste
Uma semente de ilusão regada na inconstancia que existe

Algo sublime que crescia e vibrava sem saber nem porque...

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 03/07/2011)

Publicado no Recanto das Letras em 03/07/2011
Código do texto: T3072973

ENTREGA




No toque dos corpos
Na sensação do entrelaçar
No jeito quente de olhar no fundo do seu nexo
Na respiração,... no se doar
No frio da espinha, na luz de velas
Na secura dos lábios, ...meu côncavo em seu convexo
Na umidade dos desejos, no beijo
Na entrega na paixão, no fluir do sexo
O mistério de seu corpo se revela em meu
Nossos segredos de amor defraudam em nós
O silencio da entrega em magia, cor e luz
Então, transcendentalmente enlouquecidos
Ignorando as leis da física sobre a matéria
Etereamente nós tornamo-nos em um
Emergindo do âmago da plena alegria
Indiscutivelmente, somos amor...

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 03/07/2011)
Publicado no Recanto das Letras em 03/07/2011
Código do texto: T3072926

NOVAMENTE SER...

Diante desta imagem a fitar-me nos olhos
E sem ver-me de fato
Apenas refletindo esse rosto triste
Que as marcas do tempo insistentemente
Tentam provar o que em mim existe
Não quero encontrar na superfície do ser as cicatrizes
Nem os calos da luta plantados na alma ...
Estou farto de não achar minha imagem de criança refletida no espelho
E ver apenas as rugas de uma existência camuflada em segredos e medos;
Aqueles olhos brilhantes que se apagaram;
Aquele sorriso pueril que se desvaneceu;
Aquele inocente existir que não me prova mais nada do que era eu ou sou.
Perdido no tempo e no espaço,
O aço do espelho não reflete mais minha casta imagem de criança...
Resta-me aceitar que envelheci, ou eclodir da crosta de minha matéria
E de novo ser puerilmente infantil...
Em minha liberdade insana, posso correr novamente descalço,
Brincar de conquistar mundos imaginários... ser feliz!
O espelho não me prende mais nas rugas tatuadas em minha pele
Sou livre para novamente ser...

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 03/07/2011)
Publicado no Recanto das Letras em 03/07/2011
Código do texto: T3072774