conversando com irene

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

REVANCHE

Pressinto...
Algo está pra acontecer:

Você vai bater à porta
Abrir
Entrar
Pedir perdão
Querer ficar
E eu...
Olharei em seus olhos
Com desprezo
E sem chorar
Direi:

"__ Já não é hora mais
Pra um recomeço
Desculpe, sua oferta
Eu agradeço
Mas não dá!"

[Será?]

Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

__ Você voltou amor?!!!
Pode entrar...

EGOÍSMO (Irene Cristina dos Santos Costa)

Quando passeares no jardim da vida
E uma flor amiga se desabrochar
Tu a afagares com olhos cuidadosos
E sentires a essência do perfume doce
Hás de querer não só tocá-la
Como possuí-la

E a tua mão amiga deitarás à rama
E colherás da roseira tua flor amiga
E a porás num jarro sobre sobre a tua cabeceira
E sentirás o cheiro até dormires
E sonharás com ela em teus sonhos ternos
Enquanto tua rosa amiga, fenece desprovida
Pois tu, egoistamente
Ignoraste
Que não eram os teus olhos que lha davam vida...

UM SONHO (Irene Cristina dos Santos Costa)

Perdi um sonho na curva do caminho
Vinha sozinho, pés descalços, sonhando um mar
Os olhos presos numa borboleta lilás
E de súbito um vento e,... záz!...
Arrancou algumas quimeras da janela da inocência
E o meu sonho foi atrás
Tentei segurar,...
Mas quem retém um mar de sonhos
Querendo arrebentar?
Deixou conchinhas, estrelas e algas
Uma ostra grávida d'uma pérola lunar
E um cavalo marinho louco pra voar...
Mas de que me adianta possuir tudo isso
Sem esse meu sonho, eu não sei sonhar
Se alguém souber por onde ele anda
Diga sem demora onde ele está
Pegue o telefone, use o celular
Disque bem agora, ligue à cobrar...
Deixe um recado na secretária eletrônica
Ou me mande um fax...
Ligue que eu vou já
Mesmo ocupado
Irei correndo buscar
Quero o meu sonho
No mesmo lugar...

FETICHE ( Irene Cristina dos Santos Costa, 1999)

No estreito quarto da imaginação
Dispo do pudor que me enclausura
Visto tua pele em meu corpo e amo
Experimento pouco à pouco essa loucura
Que ganha a avassaladora forma d'um vulcão
Diviso da realidade a espessura
E do sonho toda vastidão
Na inevitável erupção me inflamo
Diante do espelho a tatear co'a mão
Tua pele sobre a minha pele
Transpirando em mim a mesma emoção
Faço de ti minha secreta identidade
Deito sobre estrelas espalhadas pelo chão
Acordo desse transe molhada de purpurina
Será verdade ou pura obsessão?
Tua pele amontoada em um canto
E o desejo extasiado de ilusão
Cubro-me do pudor, a roupa de menina
Saio do estreito quarto da imaginação

"__ Viu minha pele por aí?
__ Sinto muito, amigo, não vi não!"