conversando com irene

domingo, 16 de maio de 2010

QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICAS EM MIMOSO DO SUL/ ESPÍRITO SANTO

1 - Problemas socioambientais em meu município/estado:
Em relação às áreas rurais:
• Observa-se que a monocultura do café nos morros, muitas vezes não sendo efetuado o processo de curva de nível e/ou a aragem do solo realizada de modo adequado e ainda, tendo como um agravante as queimadas nos períodos de estiagens, o PH do solo se torna desequilibrado e propício à erosão, o que pode, futuramente, tornar-se fator para desertificação dessas áreas cultivadas. Isto revela-se na história da monocultura do café em todo o Espírito Santo e em Mimoso é algo extremamente relevante, uma vez que este município já fora no Passado um dos maiores produtores cafeeiros do Estado, e se destacou ainda mais com o advento da Ferrovia Santa Leopoldina, Localizada na sede, onde e se embarcava o produto trazido pelas tropas em lombos de burro ou carros de boi.
• O desmatamento próximo às nascentes dos rios, __como se observa em Conceição do Muqui (e em outras localidades altas e de florestas no Município)__, em muitos casos para exploração madeireira e aproveitamento destas áreas para agricultura tem se revelado com sério problema em relação à diminuição do volume de água. E os veios de água que se juntam para formar o Rio Muqui do Sul tem secado rapidamente com o decorrer do tempo, sem contar o fato de que os pesticidas, adubos químicos utilizados dessas áreas próximas às nascentes contaminam o solo e podem chegar aos lençóis freáticos, contaminando também os reservatórios naturais de água potável. Por isso que se vê, muitas vezes casos de doenças provocadas pelo consumo da água de poço ou de nascentes. considerada pura é limpa.
• Nos períodos de chuvas, estas área desprotegida de sua vegetação original, com as enxurradas, desbarrancam assoreando ainda mais o leito dos rios, que transbordam causando as tão conhecidas enchentes. Esse aspecto é agravado ainda mais pela construção das habitações ribeirinhas que, como se observa principalmente na sede do município, seja como forma de aproveitamento e alargamento de suas propriedades (isto em relação às pessoas mais abastadas) ou como única opção de moradia (no caso da população carente), há o estreitamento do espaço que seria originalmente destinado ao leito do rio e quando as águas da enchente vêm, exigem o que lhe era garantido pela natureza, sem contar que Mimoso do Sul (sede), geograficamente é um vale, cercado de montes por todos os lados e a confluência das águas nos períodos chuvosos este vale, faz com que consequentemente as inundações aconteçam e consequentemente as pessoas perdem tudo o que construíram.
Obs.: os mais antigos afirmam que há ainda um fator agravante para a questão das enchentes: o fato de o principal rio que corta a cidade ter sido desviado na área do centro da cidade pegando da Praça principal ( Praça Coronel Paiva Gonçalves), passando pela Praça das Mangueiras até a saída para o distrito de Santo Antônio.
Em relação à áreas urbanas:
• Devido, um pouco à mecanização das lavouras, a desvalorização das lavouras de café e a opção pela criação de gado, e de grandes áreas de pastagens, permanência do homem no campo ficou difícil, e isso acarretou o êxodo rural e o inchaço dos centros urbanos. No Espírito Santo não foi diferente do que se deu em São Paulo e Rio de Janeiro, e esse fator desencadeou o crescimento urbano desordenado em torno das zonas industriais em expansão, deu origem às favelas nas zonas periféricas e morros das principais cidades, sem infra-estrutura, sem saneamento e abastecimento de água tratada adequado, muitas vezes erguidas sobre aterros sem a menor segurança.
• Esse grande aglomerado de massa humana que se tornou os principais centros urbanos (as metrópoles) tem acarretado o aparecimento de um preocupante aumento dos índices de poluição, uma vez que a industrialização, o progresso e o consumismo trazem como conseqüência desses sistema capitalista maior industrialização, maior consumo de produtos fabricados e industrializados e por fim, maior produção de lixo e dejetos, revelando-se em índices cada vez maiores de poluição, em suma cria-se um modelo de desenvolvimento que não leva muito em conta o equilíbrio da natureza, mas o lucro.
Com o passar do tempo, o sistema capitalista habituou-se a ver a natureza como enorme deposito de recursos naturais, isto é, matérias-primas e fontes de energia com grande valor comercial, e em Mimoso do Sul, apesar de ser um lugar de porte agrário, também não escapou dessa faceta do desenvolvimento da humanidade, Uma vez que suas atividades econômicas (agricultura e pecuária, mais especificamente) tem comprometido a qualidade das águas do dos rios e nascentes, bem como contaminado o solo com agrotóxicos e pesticidas. A produção de esgotos domiciliares, lixo e diversos tipos de resíduos, que são lançados em rios também são fatores agravantes, como exemplos disso, no final da Rua das Mangueiras, indo para a localidade de Água Limpa e Belmonte, havia um lugar conhecido como Prainha onde se tomava banhos e se fazia piqueniques, no passado, e hoje no local só há bancos de areia e um filete de água poluída e suja.Também o local conhecido como Mina, com cachoeiras , piscinas naturais de água (no Bairro do Funil) onde uma grande parte da população ia se divertir, atualmente encontra-se contaminada pelo esgoto proveniente do loteamento Santa Marta.Percebe-se assim, que tanto as águas superficiais quanto as dos depósitos subterrâneo nos aqüíferos em vários pontos do planeta são atingidas pela combinação advinda de tanto fatores naturais e humanos (socioeconômicos): secas prolongadas, elevado crescimento demográfico e uso irracional, que gera desertificação e salinização. A degradação do solo geralmente é causado pela associação de fatores climáticos, como a seca ou o excesso de chuvas, com praticas predatórias, tais como: desmatamento de extensas de florestas; agropecuária intensiva que utiliza agrotóxico em larga escala; mineração em grandes áreas; e esses fatores estão presentes também em Mimoso do Sul. Determinadas atividades destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o expostos a ações intempéries, como o vento e a chuva, que desgastam o solo. Com o tempo, o processo erosivo evolui e a rocha bruta chega a ficar exposta em grandes trechos, impossibilitando a recuperação da área. Nesses casos, ocorre a desertifica. Assim, entende-se que para evitar que isso ocorra em Mimoso do Sul há a necessidade de formação de novos valores e atitudes, de democratização dos saberes, de ações e posturas que configuram o exercício da cidadania de fato e de direito, e mais, garantir a qualidade de vida para a presente e para as futuras gerações. O que venha mante r o jovem do campo no campo, desenvolvendo uma atividade agrícola sustentável, primando pela qualidade de vida, porque de outra feita, Mimoso do Sul, assim como muitas cidades de interior, vão acabar se tornando cidades asilos, onde só vivam os idosos, e a força jovem inexista quase ou totalmente. E a natureza por sua vez também fique inóspita para vida humana em um futuro breve.

2. Como era a região onde moro há 30 anos atrás, como é atualmente e como deverá ser numa perspectiva para daqui à 30 anos.
Há trinta anos atrás, a região onde moro, meu município em si, era um lugar com menos casa, a maioria da população se concentrava no campo, os montes eram cobertos por vegetação natural (capim cipó, capim gordura e árvores, vegetação rasteira) bem como lavouras de café. As ruas eram estreitas e de chão batido, com aspecto típico de cidade de interior, casas simples, e pequenas vilas, No interior, prevaleciam os casarões ( no caso dos fazendeiros) e vivendas de pau a pique, em se tratando dos empregados, não havia supermercados, somente armazéns e botequins. A vida era pacata tal como é a vida em cidades de interior, com as crianças se reunindo pra brincar de roda, de queimadas, de bandeirinha, etc, e os pais se ajuntando no final da tarde para papear e cantar modas de viola. Tempo bom, de fato. Porém, desde que o mundo é mundo, inevitavelmente, vem acontecendo as “transformações” E como não poderia deixar de ser, no lugar onde mero ocorreu muitas mudanças também. O lugar onde moro atualmente ( Rua Maria Josefina de Rezende, Bairro Serra), que não difere do lugar onde passei minha infância (Rua Nominato Paiva, Bairro Funil), que onde moro hoje, foi um foi um lugar que servia de caminho principal entre o Distrito de São Pedro e s Sede, onde portanto era a via de passagem de gado bovino e caprino, de tropas de burro e carroças, igualmente como no Funil, os montes e pequenos morros eram cobertos pela vegetação natural ou por lavouras de café, atualmente são ocupados por casas. No local do antigo lava pés, hoje existe um açude e no morro ao lado o “II Parque de Exposições” onde se promovem festas, rodeios, encontros de cavalgadas ( o I Parque acabou, e atualmente é um bairro com muitas casas). Atualmente, a Serra acha-se com um número muito grande de moradias construídas e toda uma área que era pertencente aos remanescentes das famílias Leite e Paiva, se tornaram em loteamentos. Não se pode dizer que tais mudanças não tenham causado nenhum “estrago” à natureza (somente o necessário para residir bem neste local). Mas acredito que para o futuro, seria necessário projetar um crescimento ordenado do bairro, estabelecer um controle maior da organização das ruas e construção de casas, porque, caso contrário, daqui à 30 anos, a cobertura verde local estará deveras comprometida, o rio que corta o bairro, antes caudaloso e hoje apenas um filete, terá desaparecido ou estará morto pelos detritos e esgoto lançados nele.

3 – Perspectivas de o que eu e meus alunos podemos fazer em termos de ações para a sensibilização da população mimosense em relação às questões ambientais e ecológicas.
Podemos tentar sensibilizar as pessoas quanto seu compromisso pessoal com relação ao nosso meio ambiente e às questões ecológicas. Sabendo que a construção de valores se dá paulatinamente e deve começar, na realidade, dentro de cada um de nós. Não posso querer mudar o mundo se antes não mudar dentro de mim, e é exatamente isso que espero poder transmitir a meus alunos, uma vez sensibilizados nesse sentido, podem sensibilizar suas famílias, seus amigos, etc., e compreendo que estar sensível às questões ambientais e ecológicas representa lutar cotidianamente contra hábitos arraigados dentro de nós gerações após gerações, formando os automatismos ( o jogar, sem perceber, lixo no chão, por exemplo). A educação ambiental apesar de já ser falada há algum tempo, é algo extremamente novo para nós, e precisa ser incorporada no pensamento coletivo, mas isso não se dá de uma hora para outra, demanda disposição em plantar uma semente hoje, sabendo que não seremos nós quem a iremos colher.

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