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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A Educação Ambiental não é neutra, é ideológica

“A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social”


Tomando esta afirmativa para reflexão, pode-se crer que a educação ambiental, realmente não é neutra, antes, é um ato político baseado em valores voltados para a transformação social e a responsabilidade com as gerações atuais e futuras.
Em linhas gerais essa afirmativa toma abrangência de ações ecológicas e ambientalistas comprometidas com o bem estar do homem na comunidade local, como também planetária, numa visão crítica bastante holística, visando analisar as causas e as interrelações dos fatos climáticos e minimizar seus efeitos sobre a vida humana, dos animais e de seu habitat, assim, numa perspectiva bastante sistêmica, estabelecer princípios de preservação e de utilização sustentável dos recursos naturais, uma vez que dependemos deles em nosso dia a dia, no contexto social e histórico dos povos e nações; portanto, a educação ambiental é política, uma vez que tem tudo a ver com o que diz originalmente o termo “política” _ a arte do bem comum _, e visa, dentro dos termos da democracia, estabelecer-se em todos, por todos e para todos.
Sendo e se estabelecendo a nível de atuação social, a chave para que realmente venha dar frutos e se refletir positivamente sobre a vida do ser humano e do meio ambiente em que vive (o micro e o macro ambiente) o ponto de partida seria a maior participação e organização das comunidades, a melhor educação e formação de educadores voltados para as questões ambientais, o fortalecimento das pessoas, ONGs e grupos engajados nas atividades e trabalho de mobilização, estruturação e formação de opinião visando, acima de tudo a transformação do pensamento e a fomentação de prontidões próecológicos em busca do desenvolvimento sustentável, não centrado na produção, e sim nas pessoas, nos sujeitos vivendo em coletividade.
Nesse sentido, parece até demagogia o que vou falar, mas minha atuação é embrionária, porque sou educadora e observo pequenos automatismos do dia a dia que deflagram contra os pensamentos que defendemos, percebo que os princípios da educação ambiental são extremamente tênues diante de hábitos tão antigos e automátizados até mesmo em determinados colegas de profissão.
Quando alegamos por exemplo, que precisamos nos comprometer com as questões ecológicas, ou nos preocupamos, por exemplo, com as proporções do buraco na camada de ozônio, com os desmatamentos da Amazônia, e, no entanto, ao sairmos para uma excursão, nos deparamos com alunos e mesmo “educadores” jogando seu lixo pela janela do veículo, em um gesto automático, irrefletido. Portanto, as principais lutas devem ser travadas, à princípio, dentro de nós mesmos, não nos conformando com a mentalidade desse mundo introjetado em nós por séculos de despreocupação ecológica e descomprometimento ambiental.
É desejável e de suma importância, portanto, que a comunidade escolar possa refletir conjuntamente sobre esses automatismos, sobre como desenvolver o trabalho com o meio ambiente, estabelecendo os objetivos e metas que se pretende atingir, bem como estabelecer as formas (estratégias e metodologias) de conseguir isso, esclarecendo o papel de cada um dos envolvidos nessa tarefa em função do bem maior.
Desse planejamento participativo de ações, resultará a aprendizagem de valores sociais e o ambiente escolar é o espaço de atualização mais imediato para os alunos, assumindo, necessariamente um caráter mais realista, em busca do um equilíbrio entre o homem e o meio ambiente, na tentativa incansável de construir “um futuro pensado e vivido numa lógica de progresso e desenvolvimento, (...) ressaltando as regularidades, a busca manter o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas humanas do planeta Terra.”
A Constituição Federal, ao consagrar o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como um direito do cidadão, estabelece vínculo entre qualidade ambiental e cidadania. Para garantir a efetividade desse direito, a Carta Magna determina como uma das obrigações do Poder Público à promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública.
E eu, enquanto educadora, procuro me colocar como mediadora entre meus alunos e seus direitos de cidadão, viabilizando os conhecimentos necessários, dentro de minha área de conhecimento e atuação para formar neles o caráter necessário a sua atuação dinâmica enquanto cidadão globalizado e ecologicamente em harmonia com o planeta, nossa casa.
A escola é o espaço social e o local para esse fim, onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização. O que nela se faz, se diz e se valoriza representa um exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis assim como na comunidade onde vivem, e o trabalho por sua vez, deve ser um processo contínuo e dinâmico, sabendo que disso resulta a qualidade de vida das gerações atuais e futuras e que esse deve ser o objeto maior do desejo num inconsciente coletivo moderno.

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