Respostas das questões filosóficas
Por: Luiz Fernando R. Siqueira
1. Que sintoma humano presente na sociedade atual é revelado pelo fenômeno “existência anônima”?
Segundo estudiosos, mais especificamente Merleau-Ponty (1945/1999), o ser humano apresenta duas existências: a biológica, engrenada na outra, a humana e nunca é indiferente ao seu ritmo próprio. Porém, ‘viver’ (leben) para ele é uma operação primordial a partir da qual se torna possível ‘viver’ (erleben) tal ou tal mundo, e que as funções biológicas, se alimentar e respirar antes de perceber e de ter acesso à vida de relação, para as cores e para as luzes pela visão, para os sons pela audição, para o corpo do outro pela sexualidade, antes de ter acesso à vida de relações humanas, com isso, afirma o caráter primordial e muitas vezes “anônimo” da sexualidade na existência humana.
Essa percepção das coisas e do mundo adquire a significação dos sintomas e abrange uma significação mais globalizada em relação ao passado e ao futuro, ao eu e ao outro, ou seja, em relação às “dimensões fundamentais da existência”. Este é o sentido das interpretações na Fenomenologia da percepção.
O ser humano, em seu contexto social que não consegue associar essas duas existências (humana e biológica), não estabelece a relação entre o consciente e o inconsciente, podendo agir impulsivamente, ou movido por suas necessidades primárias (instintivas), disso pode resultar em atitudes que, aos olhos do senso coletivo, são ilegais, ou imorais ou inconveniente, ou desenvolve o que é definido por recalque, baixa auto-estima, complexos de inferioridade e de inadequação, apatia social.– da mesma maneira pode-se dizer que o organismo (o corpo), como adesão pré-pessoal à forma geral do mundo, como “existência anônima” e geral, desempenha, abaixo da vida pessoal, o papel de um complexo inato. Ele não existe como uma coisa inerte, mas esboça, ele também, o movimento da existência. A existência anônima, em suma, seria o correspondente à existência do ser em seu nível biológico (inconsciente, irracional, instintivo) desvinculado do nível humano (consciente, racional, sensível)
2. Cite alguns âmbitos da realidade que cabe somente à filosofia estudar?
A filosofia, segundo estudiosos, tem sido compreendida como “ciência das causas primeiras, dos primeiros princípios, da análise das condições do saber humano, dos fundamentos da moral, do belo e do bem; pensamento do pensamento, do ser, da ação humana, do humano, do próprio conhecimento, é também entendida como meta-ciência, saber além das ciências, ciência das ciências”. Em suma, ciência do bem viver e, dentro da Filosofia pode-se conhecer vários tipos de estudos, áreas e disciplinas, a saber:
• a mais teórica, na Lógica – próxima da moderna Filosofia da Linguagem, estuda o próprio pensamento e se ocupa com as regras do pensar;
• no extremo prático, na Ética, na Política, a filosofia pensa a ação humana na Psicologia e Sociologia ;
• nos extremos teóricos e práticos encontram-se outras formas e domínios da Filosofia e filosofias particulares: da Religião, da História, da Arte, que podem ser sintetizadas na Antropologia Filosófica.
O estudo da Filosofia auxilia a compreender e levar com sabedoria a condição humana visualizando situações concretas, para o aperfeiçoamento pessoaldo indivíduo, e consequentemente, da sociedade a que ele está inserido.
3. Comente a tarefa que cada ser humano é chamado a realizar e que está expressa na afirmação: “torne-se aquilo que você é”.
As questões filosóficas implicam em investigações da própria razão de estar aqui, de se saber quem é, de onde e à que veio, qual o sentido da existência nesse mundo de coisas e para onde vai, o que é existir e o que é ser. Na realidade a eterna busca pelo saber representa estar sempre em busca de si mesmo e de sua relação com o outro, com o mundo. E reconhecer-se dentro de suas limitações e dinâmica, enquanto ser social, político, ético, humano, isto é o ponto chave que o leva a “tornar-se aquilo que você é” pois, implica em descobrir-se e expressar-se enquanto um ser carregado de possibilidade no presente com projeções para o futuro, estabelecendo uma auto-identidade ante a realidade.
4. Explique o projeto ideológico da “produção de subjetividade”. O que é isto?
O projeto ideológico da subjetividade representa uma efetiva ação contra a concepção de um “sujeito desde sempre aí”, ou seja, contra a idéia de um sujeito que preexistiria ao mundo social, religioso, político, cultural e econômico determinista; contra essa concepção própria da Modernidade que procura-se apreender o sujeito como uma propriedade da condição humana, forma de transcendência que se busca captar. O sujeito da Modernidade que se apreende no "eu pensante" cartesiano e pode, com efeito, assumir vários rostos, mas estará sempre localizado numa mesma filosofia da consciência. Isto representa dualismo entre mente e matéria, oposição bastante oportuna por garantir que se localize justamente na mente o que foi tomado como "sujeito individual", "sujeito centrado", capaz de exercer a razão, sempre idêntico a si mesmo. E a esse conjunto de fatores que lhe oportuniza o exorcismo das forças da alteridade é o que pode ser chamado de "identidade", garantia da permanência de um sujeito unificado. Marx e Freud apresentam o mérito de afastar do modelo de sujeito cartesiano da razão, no que diz respeito à produção de subjetividade, para alcançar o compromisso do homem da razão, que é a manutenção de determinadas "formas de essência" que pretensamente dariam conta do real – um real naturalizado.
5. Distinga os dois tipos de saberes: o que é o saber da teoria e o saber da práxis.
Pegando um gancho no pensamento aristotélico que distingue dois planos: o da poiesis e o da praxis, pode-se dizer que o saber da teoria seria referido ao plano da poiesis, logo inperfeito, uma vez que se vê limitado pela matéria, pelo espaço e pelo tempo, estabelece o conhecimento voltado para o produto e limitado em sua finitude; já o saber da práxis é livre, uma vez que, por não se limitar na matéria, mas num plano de perfeição (divino) transcende as limitações. O saber da práxis aponta para uma atividade transitiva do sujeito no preciso ato de existir, portanto é um processo contínuo e dinâmico, projetando a idéia de um homem como um ser transformador e mais, aperfeiçoador da realidade, e também aperfeiçoável.
6. Que papel desempenha a consciência moral no agir humano?
A consciência moral no agir humano é o que define sua atitude em relação a seu próximo em sociedade. A consciência moral dos atos humanos depende de três aspectos:
• do objeto escolhido;
• do fim que se tem em vista ou da intenção;
• das circunstâncias da ação.
O objeto, a intenção e as circunstâncias são as “fontes” ou elementos constitutivos da moralidade dos atos humanos. As regras objetivas da moralidade enunciam a ordem racional do bem e do mal, atestada pela consciência humana, carregada de intenções. A intenção é um elemento essencial na qualificação moral da ação. O fim em vista é o primeiro dado da intenção e designa a meta a atingir pela ação. É um movimento da vontade em direção ao fim; diz respeito ao termo do agir. É o alvo do bem que se espera da ação empreendida. Não se limita à direção das nossas ações singulares, mas pode ordenar para um mesmo fim ações múltiplas: pode orientar toda a vida para o fim último. As circunstâncias, incluindo as consequências, são elementos secundários dum ato moral. Contribuem para agravar ou atenuar a bondade ou malícia moral dos atos humanos Podem também diminuir ou aumentar a responsabilidade do agente. As circunstâncias não podem modificar a qualidade moral dos próprios atos; não podem tornar boa nem justa uma ação má em si mesma. Esses três aspetos da consciência moral vão estabelecer a ação do homem em relação às atitudes e reações ante seu próximo, ante a sociedade e a si mesmo.
7. O que significa: assédio moral?
Assédio moral caracteriza-se, no ambiente profissional, na exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, ou em relações de subordinação, como em ambientes escolares ou consultórios médicos, em que alunos(as) ou pacientes (ou clientes) são sujeitados à gestos, condutas abusivas e constrangedoras, humilhar repetidamente, inferiorizar, amedrontar, menosprezar ou desprezar, ironizar, difamar, ridicularizar, risinhos, suspiros, piadas jocosas relacionadas ao sexo.
Ser indiferente à presença do(a) outro(a) pessoa, estigmatizar os(as) adoecidos(as) pelo e para o trabalho, colocá-los(as) em situações vexatórias, rir daquele(a) que apresenta dificuldades, sugerir que peçam demissão, dar tarefas sem sentido ou que jamais serão utilizadas ou mesmo irão para o lixo, dar tarefas através de terceiros ou colocar em sua mesa sem avisar, controlar o tempo de idas ao banheiro, tornar público algo íntimo do(a) subordinado(a) não explicar a causa da perseguição, difamar, ridicularizar, etc., todas essas situações explicitam o que é conhecido por assedio moral (wikipedia)
8. Qual o significado da expressão: sentido da vida?
Quando Shakespeare escreve essa tão famosa frase: “ser ou não ser, eis a questão” revela em seus escritos uma profunda e pungente questão filosófica , a que determina o sentido da vida, das razões da existência. O sentido da vida na filosofia antiga consiste principalmente da aquisição da felicidade (eudaimonia). A Idade Média tempo no qual o Cristianismo na Europa, a ênfase do sentido transferiu-se do pessoal ao coletivo, na sucessão pessoal de Cristo e a união mística com Deus que já havia sido procurada, o significado da vida na visão da Idade Média estava na máxima e eterna comunhão com Deus. Na modernidade e contemporaneidade, quando se considera a curta duração da vida, engolida na eternidade do antes e do depois, resta o pequeno espaço que se preenche com o existir presente, ultrapassado pela infinita imensidão de espaços ignorado e desconhecido, e essa gama de coisas que não se sabe, leva à reflexão e indagações recorrentes:
Quem me pôs aqui? Por ordem de quem e em que direção este lugar e tempo me foram atribuídos? De que matéria fluídica foi gerada minha essência? Quem sou, pra onde vou? Essas reflexões representam a contínua busca do homem pelo conhecimento de si mesmo e do mundo em redor, que à medida que vão sendo alcançadas estabelecem um sentido da vida, uma explicação provisória para as eternas indagações humanas.
Por que se afirma que a Mídia tornou-se o “segundo poder”?
A influência da mídia na atualidade é imensa, uma vez que ela dita regras de comportamentos, de moda, manipula as intenções dos consumidores para determinados produtos ou idéias
O sistema de informação encontra-se atualmente sujeito a uma revolução radical com o advento do digital e do multimédia, de que alguns compararam a importância à invenção da imprensa por Gutenberg, em 1440. Muitos jornais importantes pertencem já a mega grupos de comunicação e os restantes estão à cobiça dos novos senhores do mundo. A informação é considerada uma mercadoria e esta característica prevaleça sobre a missão dos média: esclarecer. Os Paparazzi cuja missão é revelar a vida privada e intima das pessoas, dominados pelo mercado e pelo lucro são um exemplo de que valem todos os meios para atingir os fins.
Muito se fala já em imprensa-lixo e tele-lixo (Trash TV). A imprensa é diariamente manipulada e os media estão sujeitos a forte concorrência. A informação hoje dirige-se ao coração e à emoção e não à razão e à inteligência. A censura democrática faz-se recorrendo à saturação, ao excesso e à super abundância de informação. Porém a informação esconde a informação. Jornalistas afirmam: “entrevistamo-nos uns aos outros porque não temos mais ninguém com quem falar”. O jornalismo considerado o quarto poder depois do executivo, legislativo e judicial (Montesquieu).
84% dos jornalistas consideram ter sido “manipulados”.
O poder midiático está menos na ação do que na comunicação. Ocupa-se em passar de um poder vertical, hierarquizado e autoritário, para um poder horizontal, em rede e consensual (um consenso que é conseguido precisamente pelo expediente de manipulações mediáticas). Atualmente é considerado o primeiro poder; a Economia. Segundo poder; o Mediático. Terceiro poder; o Político. As media proclamam-se como um contra-poder.
Na atualidade, a verdade é aquilo que os media propagam como tal (mesmo que falsa). Não nos resta senão aceitar esse discurso único. O boato já não é um fenômeno local mas mundial. Através de um aumento de informações: a informação é dissimulada. A informação hoje é superabundante e torna-se incontrolável.
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