Diante desta imagem a fitar-me nos olhos
E sem ver-me de fato
Apenas refletindo esse rosto triste
Que as marcas do tempo insistentemente
Tentam provar o que em mim existe
Não quero encontrar na superfície do ser as cicatrizes
Nem os calos da luta plantados na alma ...
Estou farto de não achar minha imagem de criança refletida no espelho
E ver apenas as rugas de uma existência camuflada em segredos e medos;
Aqueles olhos brilhantes que se apagaram;
Aquele sorriso pueril que se desvaneceu;
Aquele inocente existir que não me prova mais nada do que era eu ou sou.
Perdido no tempo e no espaço,
O aço do espelho não reflete mais minha casta imagem de criança...
Resta-me aceitar que envelheci, ou eclodir da crosta de minha matéria
E de novo ser puerilmente infantil...
Em minha liberdade insana, posso correr novamente descalço,
Brincar de conquistar mundos imaginários... ser feliz!
O espelho não me prende mais nas rugas tatuadas em minha pele
Sou livre para novamente ser...
(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 03/07/2011)
Publicado no Recanto das Letras em 03/07/2011
Código do texto: T3072774
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